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segunda-feira, dezembro 31, 2007

A VAIDADE SUBSTITUI A DEDICAÇÃO NA INDÚSTRIA DA FÉ.


Saudosos os tempos onde os sacerdotes e sacerdotisas se recolhiam no silêncio de suas casas e, na calada da madrugada faziam seus fundamentos a fim de ajudarem a quem precisasse ou até mesmo para abrir um jogo de búzios pra desvendar algum mistério oculto de maior profundidade.

Hoje, a sabedoria, a humildade a fé e a dedicação, sucumbiram perante a vaidade, a prepotência a arrogância e sobre tudo: a ânsia por dinheiro. Nos templos antigos onde zeladores se dedicavam a cuidar de seus santos e dos demais, a fé e a humildade eram ferramentas imprescindíveis aos mistérios de nossa fé. Tudo era feito em segredo, até mesmo quando éramos recolhidos para nossa inicialização, não sabíamos absolutamente nada, e o dia de nossa catulagem era sigilo total. Éramos retirados de nosso sono para que pudessem ser feitos nossos atos. Até mesmo a limpeza dos animais sacrificados e os ebós eram feitos sem que curiosos soubessem como eram realizados.

Infelizmente para nossa fé, hoje muitos dos zeladores dão mais valor à pompa que aos preceitos. Vão para as praças públicas passarem ervas em turistas a fim de chamarem a atenção das televisões. Jogam búzios em estúdios de t.vcomo se fosse um jogo de dados ou baralho. Banalizaram de tal forma nossa religião, que dificilmente conseguiremos retomar os preceitos de nossos mais velhos.

Uma pena que agem assim, pois que enquanto candomblé era algo lindo pelo seu mistério, hoje caiu na boca de pessoas sem índole que se aproveitam de todo para nos difamarem em seus templos, em nome de Deus e Jesus Cristo.

O oráculo sagrado de Ifá era usado para ver e resolver problemas de santo, ou para auxiliar na investigação de algum mal da carne, para revelar o que impedia uma pessoa de prosperar em sua vida e sobre tudo, aconselhar. Hoje, muito me entristece ver que este mesmo oráculo é usado em televisão para previsões sobre qual artista vai casar, qual cantor vai vender mais disco, qual time de futebol será vitorioso, e por aí em diante.

Peço perdão a quem ler esta publicação, mas na qualidade de sacerdote e Vice - Presidente de uma Federação acho isso uma falta de vergonha, uma perca de conhecimentos, uma banalização de toda uma gama de aprendizado que levamos sete anos apenas para começar a entender.

Dói dentro de meu coração ver que nossos orixás estão sendo transformados em Indústria de fé, como em alguns seguimentos adversos a nossa doutrina. Em conversas com meu pai e presidente da Federação a qual pertenço, o Ogã Orlando Santos, tenho desabafado este pensamento e vejo que ele como alguns outros mais antigos compactuam com essa tristeza.

Rogo a Olorúm que as coisas mudem e que nossa religião volte a ter a mesma característica que tinha: que a humildade, a fé e a dedicação, voltem a ser a verdadeira razão de uma pessoa se iniciar em nosso culto, e que os que nela já estão voltem a praticar a religião, abolindo essa mísera vaidade e soberba que nos consome a cada dia.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Lambanranguange: Odé Mutaloiá. Babalorixá, escritor e pesquisador.

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terça-feira, dezembro 25, 2007

ANO NOVO


Estamos nos aproximando de mais um ano. Uma nova etapa de nossas vidas se iniciará em 31 de Dezembro. Entraremos em 2008 e novamente renovaremos nossas esperanças e desejos de uma vida melhor, com mais justiça, menos miséria, mais paz para a humanidade e todos os antigos e velhos anseios da humanidade.

Para muitos esse ano será regido por Ogum, pois começará numa terça-feira, dia de seu culto dentro do candomblé. Dentro de sua forma de visão, cada um está certo em sua suas homenagens e ritos a fim de que possa ter um novo ano com saúde, paz, prosperidade etc. e tal.

O problema é que algumas pessoas alcançam seus ideais, mas a maioria segue sua vida da mesma forma: sofrendo e passando por problemas tantos que muitas vezes pensam até mesmo em desistir da caminhada, o que por si só, já é uma afronta a Deus, mas seguem independente de suas dores, seu caminho.

Chamo a atenção aqui para o fato de que: de nada nos adianta tantas oferendas, tantas obrigações se o principal nos esquecemos: seguir fielmente os caminhos de nosso Pai Celestial e obedecer as suas leis. Poderemos alcançar todos os nossos objetivos, neste ano e em todos os que virão posteriormente, para isso basta que nos aproximemos mais de Deus.

A humanidade afasta-se cada vez mais de nosso Supremo Criador, realizando obras totalmente avessas às suas determinações: odiamos, sentimos remorso, caluniamos, mentimos, desejamos o mal para nossos irmãos,e tantas outras coisas a mais que seria impossível relatar aqui nesta humilde página.

Creio eu como sacerdote, que a partir do momento que nos reconciliarmos com Deus, independente de nossa religião ou credo, estaremos muito perto de vermos todos os nossos objetivos alcançados. Nossos Orixás, é claro, se empenham em nos ajudar a conseguir tudo que desejamos e pedimos, tanto na passagem de ano, como durante o decorrer de nossas vidas, mas muito pouco podem fazer se nós não nos fizermos merecedores das graças que solicitamos.

Afirmo isso, pois que nossos pais e mães seguem a única lei que rege o universo inteiro: a lei de Deus. E essa lei, é incorruptível, não é uma lei falha como a dos homens, pois ela se baseia na justiça a fim de promover o bem a todos seus filhos espalhados por este mundo.

Assim, como alcançarmos as coisas boas que ansiamos se dentro de nós, apenas desejamos vingança, guardamos ódio, inveja e outros mais? Como esperar que nossos orixás, seres que governam a natureza nos dêem o que pedimos se agredimos a natureza de todas as formas, matando árvores, animais e plantas que nunca saíram de seu habitat para nos prejudicarem?

Somente no dia que realmente praticarmos as leis de Deus e seguirmos os ensinamentos de nossos antepassados estaremos prontos a receber tudo que desejamos. Temos que entender que nossos orixás, santos, inkisis, voduns, ou seja, lá a forma que os chamamos, também obedecem a essas leis e a elas estão sujeitos.

Deixemos de lado a soberba, ódio, vingança, luxúria, difamações e outros sentimentos e atos repulsivos, nos aproximemos mais de Deus e veremos o quanto nossos Orixás podem fazer por nós.

Não devemos nos esquecer jamais de que a lei de nosso amado pai é somente uma: quem deve paga, quem merece recebe.

Em minha vida sacerdotal, tenho encontrado pessoas que se alarmam com o fato de eu e outros zeladores pregarmos o nome Deus e mesmo empregarmos em nossas liturgias. Vejo pessoas que quando falamos em Jesus Cristo, se calam, pois acreditam somente em nossos orixás. Oras renegar a existência de Cristo é renegarmos a existência do próprio Deus! Não que vamos seguir os ensinamentos das igrejas cristãs, até mesmo porque nossa doutrina se afasta em muito das suas. Mas daí a acharmos que apenas nossos orixás regem nossa vida é uma larga e extensa avenida.

Como posso, por exemplo, ir aos pés de meu pai Odé, pedir perdão por meus erros, se sou incapaz de perdoar àqueles que me ofenderam ou magoaram? Como posso solicitar aos orixás que me ajudem na solução de qualquer problema, se meu coração é somente ódio, se meu pensamento é somente vingança?

Temos que aprender que nossos conhecimentos são para ajudar as pessoas e JAMAIS para prejudicá-las. Se assim agirmos garanto que muita coisa mudará em nossas vidas. Quem de nós nunca sentiu raiva de alguém que nos roubou, que fez com que perdêssemos um emprego? Mas, aprendi um ditado com meu saudoso pai biológico que diz assim: “quando o diabo nos fecha uma porta, é porque em algum lugar Deus nos abriu uma janela, e a janela aberta por Deus, vale mais que 100 portas do diabo”.

Com esse ditado, não quero fazer apologias aos ensinamentos das igrejas sobre esse ser, até mesmo porque como candomblezista acredito em Deus e em meus Orixás e não nesse tal de diabo. Mas uso-o como forma ilustrativa e para mostrar a grandeza dos ensinamentos nele contidos.

Deus meus irmãos, é amor, paz, humildade, solidariedade, alegria, compartilhamento. E assim também são nossos orixás. Quem de nós teria hoje coragem para acusar alguém? Seríamos capacitados para dizer que fulano ou fulana está errado em seus atos e assim o condenarmos? Claro que não! Somos seres ainda em aperfeiçoamento e estamos longe de merecermos e possuirmos tal direito.

Se alguém nos fez mal, lembremos de que Deus tudo vê e tudo sabe. Entreguemos em suas mãos a decisão sobre tal ato. Mas também agradeçamos a ele por aquela chance de nos tornarmos dignos de seu nome e de suas bênçãos, pois acredito que o mal que nos fazem, é na verdade forma de Deus nos fazer crescer e aprimorar nossa alma e nossos conhecimentos. Deixemos que ele julgue a todos nós seres humanos. Façamos nossa parte para o crescimento da humanidade em geral e colheremos frutos maravilhosos.

Um dia, em minha adolescência, reclamei com meu pai carnal, de dificuldades que eu passava, pois que me casei muito cedo, fui pai com 19 anos e estava muito dificultoso carregar aquela responsabilidade. Falei com ele que em alguns momentos achava a vida muito injusta, e ele me respondeu apenas: “ANTES DE RECLAMAR DE SUA COLHEITA, LEMBRE-SE DE SUA SEMEADURA”.

Meu pai era Kardecista e seguia as leis de Deus no maior rigor que podia: não odiava a quem quer que fosse não reclamava das dificuldades, não se lamuriava, nunca vi meu pai desejar mal a quem quer que fosse ele simplesmente se conformava com as coisas que Deus impunha em sua jornada, pois dizia que: VIVER É TÃO SOMENTE COLHER HOJE O QUE PLANTAMOS ONTEM”.

Nunca foi rico financeiramente, mas nunca o vi passar fome, ao contrário, seu dinheiro era suficiente para a família e para ajudar a quem dele precisasse. E seu desencarne foi algo muito bonito, pois desencarnou em casa, em meus braços e de minha mãe e foi uma morte digna, pois não sofreu como já vi outros sofrerem, simplesmente teve o que a medicina chama de morte súbita.

O que desejo com isso? Mostrar que devemos nos preparar para o dia de voltarmos para junto de nosso verdadeiro pai. Limparmos nossos corações e deixarmos que nossa alma caminhe nos preceitos de Deus e de nossos Orixás.

Neste fim de ano, brindemos, regozijemos junto dos que amamos, mas não nos esqueçamos de perdoar a quem nos machucou, e sobre tudo: APROXIMEMOS-NOS DE DEUS E ASSIM CONSEGUIREMOS ALCANÇAR TUDO QUE DESEJAMOS E MUITO MAIS.

FELIZ ANO NOVO!

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Odé Mutaloiá. Escritor, pesquisador e Babalorixá.

odemutaloia@pop.com.br

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sexta-feira, dezembro 21, 2007

HOMENAGEM PÓSTUMA

Hoje venho a público homenagear um dos maiores zeladores que já vi em minha vida.

Há um ano deixou este mundo e transladou-se de volta ao Orúm, a chamado de Olorúm e de Yemanjá. Com certeza sua vida foi feita de erros e acertos como a de qualquer outro ser humano, mas em seu coração residia a bondade e a vontade de acertar acima de tudo.

Tive o privilégio de conhecer esse homem que mesmo com todos os intempéries da vida, as traições que sofria por parte de seus demais filhos e até mesmo de amigos, nunca negou uma palavra de conforto, carinho e socorro a quem o procurasse. Inteligente por excelência, sempre encontrava uma forma de ajudar àqueles que não dispunham de nada, pois era capaz até mesmo de criar situações nas quais o orixá ficava plenamente satisfeito com o vivente.

Homem, pai, conselheiro, mas acima de tudo AMIGO. Era aquele amigo certo das horas incertas. Sua partida deixou corações trincados, deixou uma sensação de vazio que a muitos atormenta, e eu sou uma dessas pessoas.

Falo aqui de meu saudoso zelador Almir Amorim, Fomo de Yemanjá Ogunté. Foi um baluarte em sua nação, Gêge, cumpriu rigorosamente com todas as vontades de Yemanjá e de todos os orixás que necessitassem de sua interferência.

Sempre zeloso e atencioso com os preceitos dos antepassados, mostrou a todos que cuidou, que a única forma de conseguirmos todos os êxitos em nossa vida, é amando à Deus e aos nossos orixás de forma incondicional.

Doté, você foi meu maior exemplo de amor e dedicação aos orixás, muito aprendi contigo, mas hoje, hoje somente a saudade ocupa seu lugar aqui na terra.

De forma alguma sou infeliz, pois sabemos que a morte não existe e que um dia nos reencontraremos e assim poderemos gozar da paz que somente Olorúm pode nos proporcionar. Se choro por ti? Claro! Afinal sou ser humano e como tal, falho e cheio de imperfeições, mas a certeza de que um dia nos encontraremos me conforta o coração e acalma-me o espírito.

Hoje se encontra nos domínios de minha mãe Yemanjá e com ela tenho certeza de que estás ajudando àqueles que lhe foram amados na terra e amparando aqueles que se negam a enxergar a verdade acima de tudo.

Amei-te um dia e o amarei para sempre.

Nunca tive nesse homem um sacerdote apenas, mas meu verdadeiro e melhor amigo. Era meu único confidente, aquele que levou consigo segredos que jamais ousei contar a outras pessoas. Sempre me amparava em meus momentos de depressão e dizia: “MEU FILHO, A VIDA É ASSIM MESMO, CHEIA DE PROBLEMAS, MAS ELES SÃO NA VERDADE NOSSOS MAIORES ALIADOS, POIS QUE NOS AJUDAM A SUPERAR NOSSOS DEFEITOS E PROGREDIRMOS EM NOSSA ESCALADA NESTA TERRA E NO PLANO ESPIRITUAL”.

Ser filho deste valoroso sacerdote foi um presente que Olorúm, meu pai Odé e minha mãe Yemanjá me deram nessa vida. Hoje a tristeza toma conta de meu coração em vários momentos nesta vida. Mas o consolo que tenho é saber que se perdi um pai, ganhei um amigo no plano espiritual.

Doté siga em paz na certeza de que o amor que sentia por ti, está aqui em meu coração e jamais o esquecerei. Que minha mãe Yemanjá o ilumine em sua nova caminhada, que Olorúm o abençoe, e que sua nova jornada possa ser tão gloriosa quanto foi aqui na terra.

Saudades deste seu filho.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi, Odé Mutaloiá.

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quinta-feira, dezembro 20, 2007

LEDO ENGANO

Constantemente vejo pessoas se intitularem, supremos nos assuntos dos Orixás, dizerem que fazem e acontecem com os conhecimentos que possuem. Ledo engano! Supremacia, somente em Deus nosso pai, e até mesmo nossos Orixás estão sujeitos a esta magnânima supremacia.

Ao se intitularem supremos nesses assuntos as pessoas se esquecem de que esses ensinamentos lhes foram passados porque seu orixá o escolheu para uma missão: ajudar a quem precise, sem distinção de raça, cor e credo.

Outrora, os mais antigos possuíam muito mais conhecimento que nós hoje em dia, e nunca soubemos de arrogância dentro deles. Ao contrário, em sua grande maioria eram pessoas humildes, sem leitura, e que se dedicavam exclusivamente a fazer o bem sem olhar a quem. Mesmo nos idos dos anos 80 tive a oportunidade de conviver com pessoas que mesmo tendo todo conhecimento, se mantinham na humildade e servidão aos orixás.

Se voltássemos a viver da mesma forma que eles, com certeza teríamos muito mais respeito das pessoas por nossa fé, e colocaríamos um ponto final em tanta intolerância com nossa classe.

Orixá é antes de tudo, humildade e servidão. A arrogância, soberba, e outros males desta estirpe, não condizem com suas leis e seus objetivos. Basta que olhemos à nossa volta e veremos inúmeras pessoas que tanto se intitularam os poderosos, que hoje estão derrotados por si mesmos.

Ao nos deixarmos influenciar por coisas assim, afastamo-nos dos caminhos e objetivos de nosso orixá que é justamente o nosso engrandecimento espiritual. Esquecemos de que estamos neste planeta apenas de passagem e que mais dia, menos dia retornaremos ao nosso verdadeiro lar e teremos que prestar contas de tudo que fizemos nessa vida. Será que estamos preparados para isso?

Vivamos em paz com nossa consciência, deixemos que as pessoas admirem nossas qualidades como sacerdotes, mas acima de tudo, não esqueçamos que magnânimo somente Deus nosso amado e eterno Pai.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Odé Mutaloiá, Babalorixá, Escritor e Pesquisador.

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domingo, dezembro 16, 2007

A DESVALORIZAÇÃO DE NOSSA FÉ E DE NOSSOS ANCESTRAIS

Cada dia que passa mais me choca as formas errôneas como é praticada essa religião tão linda que nossos antepassados aqui deixaram como legado para nós, seus descendentes independente de cor e raça.

Sempre encontramos notícias que denigrem nosso nome e nossa fé. Ainda esta semana, mais precisamente sexta-feira, dia 15 de Dezembro, foi veiculada no Jornal Nacional, a notícia de um assassinato de uma criança, e a mulher que cometeu tal barbaridade, disse que havia matado aquele ANJO, em um ritual de magia negra, a mando de uma mãe de santo, com a finalidade de que ela pudesse engravidar.

Enoja-me tal situação, pois todos que praticamos um Candomblé sério e verdadeiro sabemos que uma vida, ainda que seja de nosso pior inimigo, é intocável, ainda mais se tratando de uma criança, um ser totalmente inocente.

Em parte, as federações têm uma culpabilidade grande nessas atrocidades, pois antigamente éramos sabatinados sem misericórdia quando pretendíamos abrir um terreiro, e depois de concedido o alvará, éramos fiscalizados de perto e com rigor. Mas hoje, bem, hoje as federações em sua maioria, se preocupam apenas com as anuidades que temos que pagar, não estão nem aí se esse ou aquele sacerdote está em condições de manter sua casa aberta,e pasmem:
MUITAS VEZES AS PESSOAS CONSEGUEM ALVARÁ SEM MESMO SEREM FEITAS OU TEREM TEMPO HÁBIL PARA TAL EXERCÍCIO.

Em um caso como esse, deveria a federação, e espero que esteja acontecendo, averiguar os antecedentes desta sacerdotisa (?) e encaminhar ao ministério público, caso seja real a informação, um processo para que esta casa fosse fechada permanentemente e que esta pessoa fosse presa.

Acredito também que deveria haver uma investigação paralela da federação local, a fim de averiguar se essa pessoa realmente deu esse tipo de orientação, pois que é muito fácil fazermos besteira e colocarmos a culpa em alguém. E se isso aconteceu que sejam tomadas medidas muito sérias.

Agora me pergunto: mãe de santo? NUNCA! Mãe do capeta, do cão, ou até mesmo dos quintos dos infernos completos, pois um verdadeiro sacerdote jamais faria uma coisa dessas!

Estas coisas enojam a todos que praticamos uma religião de forma séria e coerente. Temos que acordar pra vida, descermos de nossos altares ridículos que nos colocamos em alguns casos, e enxergarmos que estamos contribuindo com nosso silêncio para que pessoas que JAMAIS foram sacerdotes, denigram nosso nome e de nossa religião.

Enquanto medidas sérias não forem tomadas, esses horrores continuarão acontecendo e cada vez mais seremos pratos cheios servidos nos banquetes da intolerância que sofremos por parte de outras religiões.

Vamos dar um basta nisso tudo, levantemo-nos em prol de nossa fé, antes que ela sucumba diante de tantas atrocidades e mentiras!

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi, Odé Mutaloiá. Babalorixá, Escritor e pesquisador.

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sexta-feira, novembro 23, 2007

SAUDOSOS TEMPOS

Lembro-me com freqüência dos tempos em que vivia na roça de Mametú Indembelouí, quem me iniciou na ciência do culto aos Orixás. Lembro-me de seus ensinamentos que eram passados a mim e aos meus irmãos, como gotas de água em um oceano, ou seja, aos poucos.

Hoje em dia, as pessoas ao pretenderem adentrar no culto, já nos chegam com uma ânsia de poder que jamais imaginei ver. E o que mais dói, é que essa ânsia é em ter poder para destruir a vida dos outros. Já outras pessoas já nos chegam com tanta vontade de saber, mas, sem se preocuparem se estão prontos ou não para adquirirem tais conhecimentos. E isso vem fazendo com que nossa religião cada vez mais tenha pessoas totalmente despreparadas para exercerem o sacerdócio.

Com saudades me lembro também de como eram feitas as coisas do santo dentro daquela casa. Por exemplo, se íamos apanhar ervar para fazer o abô, em primeiro lugar eram escolhidas as pessoas que participariam daquela cerimônia. Essas pessoas se resguardavam dentro da casa de santo, três dias antes do ritual, a fim de se purificarem de relações sexuais e uso de bebidas alcoólicas.

No dia do ritual, saíamos em jejum, e antes do sol nascer, levávamos oferendas para Agué, e após os ritos na entrada da mata, entrávamos nela e sem conversar íamos apanhando as folhas, ao som de cânticos e reza para as divindades. Íamos e voltávamos em silêncio, sendo que o mesmo só era quebrado pelo som das rezas e cantigas.

Após a colheita das INSABAS, retornávamos ao barracão e ali, em uma esteira previamente preparada, depositávamos as insabas e somente depois é que íamos ter direito ao café, um cigarrinho (escondido) para quem fumasse etc. e tal. Na caída da noite, após as ervas estarem plenamente descansadas da colheita e transporte, é que começávamos o preparo o banho de abô que serviria para purificar não somente aos filhos da casa, mas, a todos que necessitassem.

Hoje em dia, ao saírem para a colheita de ervas, sejam para o abô ou para a feitura de um Yawô, as pessoas mais parecem que vão para uma festa, tamanha a algazarra que fazem dentro e fora da mata.

Ao dar início ao preparo das comidas de santo, ou mesmo de ebó, jamais existia conversas na cozinha, as únicas palavras pronunciadas eram as rezas necessárias para aquele ritual. Já tive a oportunidade de ver em uma cozinha de santo, rádio tocando como se estivessem preparando qualquer coisa, menos comida a ser servida aos nossos Deuses.

Realmente, saudosos aqueles tempos, nos quais se faziam fundamentos de santo e não brincadeiras como se vê hoje em dia. E isso sem relatar o comportamento dos iniciados de hoje, que nada se parecem com os de outrora.

Será que estariam nossos orixás satisfeitos com essas mudanças em seus rituais? Creio que não, pois que me foi ensinado que candomblé é hierarquia e ancestralidade, assim sendo, jamais essas atitudes condizem com nossos antepassados que aqui viveram e deram suas vidas para que pudéssemos ter essa religião que tanto tem feito por quem a procure.

Se pudesse voltar ao tempo, com certeza seria muito mais feliz, pois teria a chance de ainda assistir a fundamentos ou ORÔS como chamamos, que nunca mais serão vistos na maioria das casas de santo deste milênio.

Sérgio Silveira, Tatetú “Inkisi Lambanranguange, Odé Mutaloiá”.

odemutaloia@hotmail.com

domingo, novembro 18, 2007

DISCRIMINAÇÃO CONTRA COR É CRIME, MAS, E CONTRA A RELIGIÃO?


Nos dias atuais muito temos visto em redes de televisão, jornais, rádios e na Internet, campanhas contra a discriminação e o preconceito racial. Políticos fazem barulho até demais, mostrando que em um país como o nosso é intolerável este ato horrendo. Mesmo entidades que se dignam a lutar pelos direitos dos negros, investem alto no combate a estes atos que realmente NÃO CONDIZEM COM O MUNDO ATUAL EM QUE VIVEMOS.

Mas, me pergunto apenas, o porquê de nós, praticantes do Candomblé, ÚNICA RELIGIÃO QUE ESSES MESMOS NEGROS, trouxeram para o Brasil, somos perseguidos e nem políticos nem ninguém tem coragem de mostrar a cara e defender nossos direitos. Até mesmo negros, nos condenam por serem membros de outra religião.

Será que discriminar a religião que os negros plantaram aqui no Brasil, não poderia ser incorporado na lei que combate a discriminação racial? Em meu ver sim. Pois da mesma forma que todos, pagamos impostos, votamos, mas ninguém coloca nossos direitos na cara de pastores que manipulam seus fiéis, jogando-os contra nós e nossa fé.

Até mesmo ex sacerdotisas (seriam mesmo sacerdotisas?) vão a programas de televisão se intitulando EX MÃE DE ENCOSTO, e falam o que querem, denigrem nossa imagem, nossa religião e os governos nada fazem para coibir essa coisa ridícula. Mas basta chegar o período eleitoral e lá vêm eles, nos chamando para pedir votos, mentindo descaradamente que são contra essa prática, e nós bobos damos nosso voto a eles. Se o que dizem é verdade, por que então que ao nos apresentarmos nas Assembléias Legislativas como praticantes desta religião, nunca conseguimos nada?

Concordo em grau gênero e número com o combate a discriminação racial, ou seja lá quaisquer que forem, mas penso que temos nossos direitos e que eles deveriam sim, serem respeitados e que as entidades de consciência negra deveriam olhar com mais atenção. Ou será que esses mesmos negros que aqui chegaram em navios negreiros, não trouxeram esta religião? Seria ela por acaso fundada aqui pelos europeus? Com certeza que não.

Somente me pergunto se em breve não seremos queimados em praça pública, a exemplo do que faziam os padres com os negros que não se rendiam a religião por eles imposta.

Amor e tolerância não deveriam ser os lemas principais de qualquer religioso? Creio que sim, mas, o que vemos é totalmente contrário a tudo isso. Quem de nós nunca foi constrangido tão somente por causa de nossa opção religiosa?


Temos que nos empenhar mais como religiosos, em exigir que os governos obriguem a respeitarem-nos, afinal na Carta dos Direitos Humanos da ONU, e até mesmo em nossa constituição, rezam o direito a livre prática religiosa. Sinceramente, acho muita mesquinharia tanto barulho por conta da discriminação racial, e a plena tolerância com a discriminação religiosa.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Lambanranguange: Odé Mutaloiá. Babalorixá, Escritor e Pesquisador.

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sexta-feira, novembro 09, 2007

QUAL NOSSO ERRO?

A cada dia que passa mais me assusta a situação na qual nos encontramos como praticantes das religiões afro-descedente. Temos sido massacrados dia após dia, sem que nada seja feito realmente por parte de nossos representantes, para coibir tais males que tanto denigrem o nome de nosso país.

As igrejas evangélicas, vêm se destacando cada vez mais, pela prática de denegrir nosso nome, nossa fé. Basta que assistamos a seus programas de televisão para termos consciência de tal situação. Ainda outro dia, se não me falha a memória, Quarta Feira, dia 7 de Novembro, estava a procurar algo interessante nos canais de t.v quando deparei-me com uma senhora que se dizia EX MÃE DE SANTO, ou melhor, EX MÃE DE ENCOSTO, relatando fatos que com certeza jamais existiram em casas de verdadeira fé e culto aos nossos ante passados.

Segundo ela, “O ENCOSTO QUE NELA SE MANIFESTAVA, ENGANAVA AS PESSOAS, POIS PEDIA MATERIAIS E DINHEIRO PARA RESOLVER ALGO, MAS QUANDO O SERVIÇO NÃO DAVA RESULTADO, ELES PEDIAM VALORES CADA VEZ MAIS ALTOS, LEVANDO A PESSOA A GASTAR CADA VEZ MAIS SEM QUE NADA FOSSE RESOLVIDO”.

Queridos, dentro de minha vida espiritual, mesmo antes de me tornar sacerdote, nunca vi em casas sérias, espíritos que pedissem quantias em dinheiro para resolverem os problemas dos consulentes. Vi sim, pedirem materiais, e indicarem que a pessoa conversasse com seu médium, quando era um serviço mais complicado para saber se ele cobraria por tal, e se assim fosse, as pessoas JAMAIS tinham que gastar exorbitâncias alguma.

Só me pergunto se esta senhora realmente foi algum dia uma Zeladora mesmo, pois que ao que parece, era dessas pessoas que usam de má fé, e quando são descobertas pelas pessoas que freqüentavam suas casas, simplesmente saem da religião e começam a se dedicarem a difamar a anterior.

Tenho visto até mesmo filhos que simplesmente ignoram seus pais biológicos, quando estes praticam o candomblé ou umbanda, e eles, os filhos são freqüentadores de igrejas evangélicas. Seria isso uma prática condizente com quem se diz seguidor da doutrina de Jesus Cristo?

Posso afirmar que essa prática em nada condiz com as normas de Cristo, uma vez que ele pregou a união entre todos sem discriminação, pregou a tolerância e pediu: “faça a teu próximo somente aquilo que gostaria que ele lhe fizesse”. Vemos nesta passagem a maior clareza de amor e pedido de perdão e tolerância entre a humanidade em geral.

A revolta vem crescendo dentro de muitos praticantes de nossa religião e isso pode culminar com ações gigantescas na justiça, basta para isso que nos unamos independente de sermos ou não de nações semelhantes de candomblé, se somos umbandistas somente ou não. Temos que nos conscientizar de que antes de tudo somos irmão de fé, e se juntarmos nossas forças poderemos sim, exigir na justiça que nos respeitem em nossa crença, pois que vivemos em um país livre e a constituição e até mesmo a carta dos direitos humanos da ONU, garantem a todos o direito de professar sua fé sem sofrerem qualquer tipo de constrangimento ou impedimento.

Afinal o que fizemos de tão grave contra essas igrejas e seus sacerdotes? Qual nosso erro? Nunca queimamos pessoas em fogueiras, não saímos por aí invadindo templos cristãos, não patrocinamos guerra a fim de ficarmos com parte do botim. O que fizemos para sofrer tanto na mão dessas pessoas que se dizem seguidores de Cristo, mas que agem como se fossem Pôncius Pilatos ou seus carrascos?

Unamos-nos irmãos antes que eles, os verdadeiros FALSOS PROFETAS, culminem por transportarem-se e a nós também em uma viagem no tempo, e retomem as fogueiras em praça pública.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Lambanranguange: Odé Mutaloiá. Escritor, pesquisador e babalorixá.

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segunda-feira, outubro 15, 2007

O DOCE SABOR DE SER INCIADO


Em tempos saudosos, os iniciados na doutrina e nos mistérios dos orixás, sentiam verdadeiro orgulho em serem chamados de Yawôs, de tomarem a benção aos mais antigos, como também em se referir a todos os zeladores e zeladoras, como seus pais e mães.

Mas o que acontece hoje em dia é no mínimo desastroso, pois os iniciados sentem vergonha de serem chamados de Yawôs, e até mesmo de se referirem aos mais velhos como seus pais e mães. Infelizmente isso reflete a péssima doutrina e exemplos que estes estão tendo em suas casas, local onde deveriam aprender com seus zeladores, a importância de um Mukuiu no Zambi, um Kolofé Olorúm, ou de um Motumbá Axé.

Estes zeladores estão mais tendenciosos às pompas do que aos preceitos de nossos antepassados. Mais buscam a soberba e o orgulho do que a humildade, um exemplo que nossos deuses tanto apreciam e amam.

Os antigos costumavam dizer que ser zelador é antes de tudo ser servidor de seu santo como dos santos de seus filhos. Nunca davam importância nem espaço para certos fatores que tanto denigrem a imagem de suas casas e de seus orixás.

Se bobearmos, somos agredidos por estes iniciados sem que seus orixás nada façam para coibir tanta arrogância e tanta soberba. Somos invadidos por pessoas que não levam em conta nosso tempo de santo, tão somente por se intitularem dofonos ou dofanitinhos deste ou daquele orixá. Mas, esquecem-se de que com certeza nosso Adôxo ou Oxú, possuem muito mais tempo que os seus.

Não valorizam as pessoas tão somente por serem de outro axé que não seja o seu. Mas, isso se deve especialmente à arrogância de seus sacerdotes que não sabem impor a doutrina e lei de nossos antepassados, o que com certeza os entristecem lá em seu mundo.

Faz-se necessário que esta doutrina de respeito e abnegação seja refeita antes que nossa fé sucumba em um mundo que em hipótese alguma condiz com esses seres maravilhosos que guardam e regem a natureza.

Sinto saudade dos tempos em que achávamos Doce o Sabor de sermos Iniciados e tínhamos orgulho em sermos chamados de Yawôs, pois sabíamos que um dia estaríamos sentados em nossas cadeiras de Ebomis, um direito que conquistaríamos com nossa humildade e amor e não comprando com dinheiro, ou seja, lá o que for.

Lembremo-nos sempre que orixá é amor e humildade e jamais soberba e orgulho.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Lambanranguange, Odé Mutaloiá. Escritor, pesquisador, babalorixá e vice-presidente da UNESCAP, União Espírita capixaba, e membro de seu conselho sacerdotal.

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quarta-feira, outubro 10, 2007

A NATUREZA E OS ORIXÁS


Muito tem nos chamado a atenção, o fato de ambientalistas e cientistas estarem diariamente nas emissoras de T.V nos mostrando os riscos que corremos com a destruição da natureza.

Este fato nos chama a atenção, pois que nossos Orixás dependem dela para que possam interagir em nossas vidas, aliviando assim muitos de nossos problemas.

É comum passarmos por uma encruzilhada e vermos papéis jogados no chão, com oferendas a Exú, outras vezes ao irmos a uma mata, encontramos sacolas as quais foram utilizadas para levar os carregos de clientes e filhos de santo. Essa concepção de despacho precisa urgentemente ser revista pos nós zeladores e por nossos filhos de santo.

Diz uma regra dos antigos, que as comidas de santo ao serem suspensas devem obrigatoriamente serem despachadas no rio, ou seja: levamos até lá as comidas em sacos, acendemos uma vela, batemos paó e despejamos as comidas nas águas, e levamos embora o saco utilizado.

Essas comidas eram despachadas nas águas, para que servissem de alimento aos peixes, garantindo assim o ciclo de reprodução e alimentação de todos os seres vivos. Se um dia quisermos almoçar um peixe, ali teríamos a certeza de o encontrarmos, pois aqueles alimentos ali despejados contribuíram para a subsistência dos mesmos.

Se por ventura fosse carrego de ebó, e seu destino fosse à mata, o mesmo era levado em sacos, e após adentrarmos a mata despejaríamos seu conteúdo, pois que além de alimentar os animais que ali residem, serviriam de adubo orgânico pra a terra.

Estas formas de despacho tão utilizadas nos dias atuais, nos preocupa, pelo fato da agressão à mãe natureza. Imaginemos por exemplo um encantamento de Odé ou Agué para ajudar alguém sem as matas que são sua morada. E o que dizer de nossa mãe Oxum? Como faríamos oferendas a ela sem os rios e cachoeiras que são seus domínios?

Este pensamento tem que ser levado em consideração por todos nós do candomblé e até mesmo da umbanda. Estamos matando a natureza, e consequentemente nos matando também.

Um outro fator, é que, se nossos orixás são governantes da natureza e parte integrantes dela, poderemos te-los ao nosso lado sem ela? Com certeza que não, pois estes seres encantados estão nos abandonando aos poucos porque ao destruirmos a natureza estamos destruindo seus segredos e mistérios.

Claro que não destruiremos nossos Deuses, mas eles com certeza nunca mais poderão nos ajudar sem os elementos indispensáveis aos seus cultos e obrigações.
Assim sendo irmãos, façamos uma reflexão sobre o que estamos fazendo com a natureza e conosco mesmo. Sejamos conscientes de nossas obrigações com nossos pais e mães e lembremos que uma delas é justamente a defesa do meio ambiente tão essencial para tudo que desejamos fazer neste planeta.

Claro que se temos meios de possuirmos um conforto, ele é válido, mas daí a levarmos a extinção nosso meio ambiente seria burrice concordam?

Lembremos também que corremos o risco de fazer com que nosso planeta se transforme em um planeta fantasma, sem qualquer tipo de vida, e posso garantir que em uma terra inóspita, nossos antepassados os orixás jamais poderão se comunicar conosco e trazer seu conforto e amparo tão essenciais para a solução de nossos problemas e sua ajuda para que sigamos com fé e amor nossa jornada.

NATUREZA VIVA É GARANTIA DE NOSSOS ORIXÁS JUNTOS DE NÓS!

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Lambanranguange, Odé Mutaloiá. Babalorixá, escritor e pesquisador.

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quinta-feira, setembro 20, 2007



Muito se fala em fé. Desde os tempos mais remotos ela acompanha o ser humano e na maioria das vezes, é o que o ajuda a caminhar em busca de melhoras para sua vida.

Claro que a fé é algo de mais maravilhoso e valoroso que possuímos, pois que ela nos faz termos a certeza, por exemplo, da existência de Deus nosso eterno pai, nos leva a entender dentro de nossos limites a existência, a magnitude deste ser tão poderoso que criou o universo.

Porém esta mesma fé torna-se arma a mais perigosa que já conhecemos. E este fato torna-se realidade pura e horrível, quando o homem possuído de sua ganância natural, a usa para mentir, enganar, submeter a terceiros, e no apogeu da crueldade, a matar seu semelhante.

Basta olharmos com atenção à história nossa, e veremos que muitas guerras foram criadas em nome da fé. Torna-se mais fácil exterminarmos aqueles que não compactuam com nossa fé, do que aceitar que a sua tem a mesma importância que a nossa.

Quantos reinos, culturas foram destruídas e os carrascos usaram o nome da fé em Deus? É comum encontrarmos relatos na história, de carnificinas ocorridas porque a fé que outros tinham em Deus não se mostrava da mesma forma que os míseros e falsos profetas diziam ser a correta.

Se Deus existe e temos a certeza de que sim, jamais desejaria que seu povo fosse assassinado em nome da fé que alguns dizem ter nele. Machuca ao vermos que sacerdotes usavam seu conhecimento para provocar intrigas que levavam a esses holocaustos terríveis.

Hoje em dia, porém, esta mesma forma errada de se ter fé ainda é praticada. Vemos sumos sacerdotes se alto proclamarem representantes de Cristo, anunciarem que sua fé é a única verdadeira, por se tratar da única deixada por nosso Senhor Jesus quando de sua passagem na terra. Mas, o que vemos mesmo, é utilizarem do nome sacrossanto de Nosso Senhor, para aplacar sua ânsia desenfreada por riquezas, muitas vezes não estando nem aí se seus seguidores têm com que alimentar suas famílias.

E essa maneira de se agir com relação a fé, é vista em todos os seguimentos religiosos e não apenas neste ou naquele. Quantos são sacrificados em suas economias de uma vida, devido à falsa promessa de terem um problema resolvido? Mas, infelizmente isso não se repercute apenas naquele sacerdote, mas sim, em toda a classe religiosa. É necessário extirparmos tais práticas de nosso meio se ainda desejamos sermos vistos como filhos de Deus e não como ladrões sujos que se aproveitam da boa fé alheia e buscam de todas as formas o enriquecimento ilícito.

Avante nossa fé verdadeira e amorosa. Façamos com que o santo nome de Deus nunca mais seja usado como base mentirosa para guerra e assassinatos frios.

O amor ao nosso semelhante ainda é a forma mais linda e gratificante, de mostrarmos a fé em Nosso Pai Celestial.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Lambanranguange: Odé Mutaloiá. Babalorixá, escritor e pesquisador.

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segunda-feira, setembro 17, 2007

OBALUAYÊ


Peço licença a Zambi, a Oxalá e a todos os antepassados para falar um pouco deste maravilhoso Orixá. Muito difundido no Brasil, tanto no Candomblé como na Umbanda, porém muitas vezes incompreendido.

Conta sua lenda que ele nasceu da união entre Oxalá e Nanã Buruquê. Porém tinha uma doença grave, a lepra, o que o fez ser rejeitado por sua mãe que o abandonou no mato para que os bichos o comessem, uma vez que naquela época, esta doença era vista até mesmo como uma praga dos deuses e quem a tivesse, dificilmente seria curado. Aliás, nunca era curado, estava condenado à morte.

Ao ser abandonado no mato, começou a sentir fome e frio, e seu choro foi ouvido por Yemanjá que passava nas redondezas. Ela compadeceu-se dele e o levou para sua casa onde o tratou com folhas de bananeira curando suas feridas. Porém o tempo foi passando e ele já não mais aceitava o seio que sua mãe adotiva o oferecia, pois deseja comer.

Daí veio para ela uma questão difícil: com o que alimentar a criança? Então teve a idéia de apanhar um pouco de areia da praia e nela estourar um milho que existia fazendo o doburú, pipocas, que é seu alimento favorito até hoje.

Ao tomar a idade adolescente, como ainda tinha feridas horrendas em seu corpo, passou a se vestir do azê, espécie de roupa confeccionada com palha da costa. E assim andava por todos os lugares e as pessoas diziam que seu rosto era terrível de ser visto dado a sua doença, o que lhe revoltava.

Ele cresceu, tornou-se um grande guerreiro, caçador, feiticeiro, e descobriu os segredos da morte. Sua mãe biológica então, passou a sentir vontade de ver seu filho, mas ele a rejeitava, pois sabia de sua história. Yemanjá, sempre matriarca, amorosa, o aconselhava a aceitar sua mãe, pois ela o tinha parido. Ele dizia então que a única mãe que conhecia era ela, pois que o alimentou, e curou suas feridas horrendas.

Porém mesmo depois de crescido, não retirava aquela roupa de palha, o que fez com que Oyá, muito curiosa, esperasse atrás de umas árvores por onde ele passaria. Ao vê-lo se aproximando ela ordenou ao vento que soprasse com toda força possível, e este assim fez, levantando sua roupa e então Oyá contemplou o rosto mais lindo que já vira em sua vida.

Ele se revoltou.com sua atitude e depois de longa conversa fez com ela prometesse que não contaria para ninguém como ele era, pois se revoltava em saber da discriminação que sofria.

E assim foi se criando a história de um dos Orixás mais amados no panteão afro. Ao se trasladar de volta ao Orúm, Céu, ele foi incumbido por Olorúm, Deus, de ser o Orixá da varíola, da bexiga e de todas as doenças que atingiam e matavam os povos das várias nações africanas e do mundo.

E esta incumbência ele traz até os dias de hoje, sendo conhecido como o médico dos pobres. Muito embora seu poder seja ilimitado, sua humildade o distingue de todos os demais seres existentes. Não carrega nem suporta a soberba, é desapegado de bens materiais, pois sabe dos mistérios que envolvem a morte, porém jamais deixa um filho seu ou quem o cultue, passar por dificuldades. Sempre providenciando para que a pessoa tenha tudo àquilo que lhe é necessário a uma vida confortável.

A única coisa que pede em troca, é que a pessoa por ele agraciada, não deixe de atender a quem passe por privações independente de qualquer coisa. Sua vestimenta espelha bem sua humildade: enquanto outros orixás se vestem com luxo, dado aos elementos por eles governados, este maravilhoso orixá, veste-se até os dias de hoje com palha da costa, usa guizos, e sua comida preferida é o doburú, pipoca feita na areia.

Seu nome quando traduzido mostra toda a sua importância e magnitude: Obá – Rei, Ilú – Céu, Ayê – Terra. Ou seja: Rei do Céu e da Terra. Mas a humildade que expressa é muito mais elevada que qualquer ato cerimonial ou até mesmo os títulos que recebeu de Olorúm, Deus.

É comum nos terreiros de Candomblé, as festas em sua homenagem. E a principal delas é o Olubajé. Olú, aquele que, Ba, aceita Jé, comer. Aquele que aceita comer. Nesta festa são servidas todas as suas comidas, juntamente com as comidas de seu irmão Oxum Marê.

Mas, é comum nos candomblés, serem oferecidos presentes para ele toda segunda feira, que é seu dia, a fim de pedir que ele ajude tanto ao zelador da casa quanto aos filhos e demais clientes que ali freqüentam. Alguns fazem o tabuleiro de Obaluyê, par descarregar a casa e abrir caminhos, outros optam por uma cerimônia simples na qual apenas ofertam seu doburú e de joelhos pedem por todos.

Também é deveras invocado quando existe algum problema de doença, feitiço ou mesmo praga em alguém. Senhor da desintegração, governante dos cemitérios, local que passou parte de sua vida estudando este mistério e também onde teve contato com seu antecessor, Omulú, é o responsável por nossas almas e tem na morte sua regência maior, porque existe a necessidade de morrer um para nascer outro, garantindo assim a continuação de nossa espécie.

Sua cor é, vermelho, preto e branco. Sua comida é o doburú, feijão preto cozido, acarajé, frutas, peixe, e seu sacrifico é de cabrito, em algumas casas porco, frangos, pombo, pato e galinha de angola.

Sempre que precisamos dele, ali está, pronto a nos socorrer e nos purificar tanto das doenças quanto de feitiços, pragas, perseguição de egum, e outros males que afligem tanto nosso corpo material como o espiritual.

Louvemos este senhor com a mesma humildade que ele tanto pratica. Mas nos lembremos de sua suma importância no panteão afro, e de sua magnitude entre os nossos antepassados.

ATOTÔ AJUBERÚ, BALÉ, BALÉ.

MISERICÓRDIA DE NÓS MEU PAI!

Texto de Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Lambanranguange, Odé Mutaloiá. Escritor, pesquisador e babalorixá.


quinta-feira, setembro 13, 2007

ORIXÁ É PAZ ACIMA DE TUDO


Como sacerdote não posso me calar ao deparar-me com pessoas que buscam nesta maravilhosa força da natureza a vingança, a destruição e outras coisas mais. E muito mais me revolta quando vejo zeladores que incentivam esta prática, em troca de dinheiro ou outras facilidades.

Quando entrei neste mundo encantado que são nossos antepassados, aprendi que eles valorizam a pureza de nossos corações, o amor, a caridade, a humildade acima de tudo.

Mas, infelizmente algumas pessoas apenas vêem esta força como uma arma de vingança por qualquer motivo fútil que se apresente em suas vidas. Se assim fosse, nós sacerdotes e sacerdotisas não teríamos qualquer tipo de problema, pois bastaria acender uma vela e o mal estaria feito. Ledo engano!

Irmãos, é necessário que compreendamos acima de tudo, que nossos orixás são governantes da natureza, e assim sendo representam a forma mais pura de amor: o amor de Deus. E com certeza nosso pai, não é vingança, ódio ou qualquer malefício. Precisamos aprender a perdoar, a orar por nossos inimigos ao invés de sairmos por aí feito terroristas, jogando bombas na vida das pessoas.

Se formos ler com atenção aos ensinamentos de Jesus Cristo, e mesmo observar o contexto real dos fundamentos passados pelos antigos, veremos que em momento algum nos incentivam a praticar outra coisa que não seja o amor e o perdão.

Sei que a vida é composta de problemas, também sei que inimigos arrumamos com facilidade, seja por inveja ou motivo, mas o que sei também é que aquele que realmente confia em seu orixá, entrega nas mãos dele a solução destes problemas.

Certa feita em uma conversa com a sacerdotisa que me iniciou, Mametú Yndembeleouí, ela me disse: “meu filho, todo aquele que é do santo e se dedica a fazer o mal, jamais passará da roupa do corpo. E aquele que busca vingança nunca terá a paz e a prosperidade, pois nossa obrigação como iniciados, é entregar nas mãos deles tudo de ruim que nos fizerem pois eles saberão fazer a justiça de Deus”.

Mas, hoje com meus 21 anos de feito, com casa aberta, quanto me decepciono ao ver que o contrário prevalece, que as pessoas apenas buscam nossos conhecimentos, ou outros feitos, utilizam dele para o mal. Pobres almas! Esquecem que acima de tudo existe um Deus e este julgará à todos independente de sua cor, raça, ocupação social ou sacerdotal.

Deus é amor, paz e soberania. Será que ele não está vendo nossos atos? Posso garantir que sim. Temos um ditado árabe que mostra bem isso: “uma noite escura, uma pedra de mármore escuro, sobre ele caminha uma formiguinha escura, Deus a vê”.

Aprendi também com esta maravilhosa sacerdotisa que me iniciou, que: “ temos que nos lembrar que temos uma alma para dar conta à Deus de nossos atos, e que jamais um sentimento de vingança ou ódio, nos deixará impunes em nossa vida terrena e mesmo na pós-túmulo”.

Apenas me pergunto se esses sacerdotes que inflamam o desejo de vingança, não temem a ira de Deus ou mesmo de seu orixá. Muitos de nós, conhecemos sacerdotes de conhecimentos incomensuráveis, que passam fome, que sofrem problemas que não encontramos a razão de ser.

Mas nos esquecemos de perguntar o que teria ele feito para que seu orixá permita que passe por isso. A resposta é simples não? A maldade que impera em seu coração o guiou para esta situação avessa aos propósitos de nossos antepassados e nosso Pai Celestial.

Lembremo-nos que tudo aquilo que fizermos contra outra pessoa recairá sobre nós mais dia menos dia. Conservemos as palavras de amor, pratiquemos o perdão, confiemos em Deus e em sua justiça e assim com certeza, veremos a solução de muita coisa em tempo mais hábil do que possamos imaginar.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Lambanranguange, Odé Mutaloiá.

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quarta-feira, setembro 12, 2007

PERDOAR É PRECISO

Muito se fala em perdão, mas poucos de nós consegue praticar este ato tão sublime aos olhos de Deus e de nossos protetores. Muitas vezes o que vemos são pessoas que dizem perdoar seus inimigos, porém alimentam dentro de si, sentimentos de mágoa, raiva ou mesmo de tristeza com atos praticados por terceiros.

Esta forma definitivamente não é o perdão verdadeiro. Para que possamos praticar o perdão, temos que banir estes sentimentos de dentro de nós. Como podemos perdoar se mantivermos tão estranhos sentimentos?

Ao perdoarmos uma pessoa por algo que ela nos tenha feito, devemos limpar de dentro de nós quaisquer resquício destes sentimentos. O ato de perdoar, é sublime, mas, tem que ser acompanhado do desapego a tudo que sentimos de ruim. É imprescindível que esqueçamos as ofensas por piores que sejam para que possamos perdoar de verdade.

Como por exemplo podemos pedir à Deus que esqueça nossos atos ruins, se não somos capazes de esquecer os praticados por outros?

Dentro de nós existe a chama do amor de nosso Pai Celestial, devemos buscar este sentimento e munido dele, amarmos àqueles que não nos querem bem, ou que nos prejudicaram de forma direta e indireta.

Temos também que nos lembrarmos de uma frase da Oração de São Francisco: “ é perdoando que se é perdoado”. Se não formos capazes de perdoar nosso semelhante, não devemos ter a certeza do perdão de nosso Pai.

Perdão é também um ato de caridade, sim, pois que ao praticarmos o mesmo, estamos contribuindo para a escalada espiritual tanto nossa, quanto daqueles que nos ofenderam.

Nossos guias e protetores, nossos orixás, jamais se sentirão bem, ao incorporarem em um médium incapaz de perdoar e esquecer as ofensas recebidas. Devemos nos conscientizar de que para eles o amor prevalece a tudo nesta terra.

Amar e perdoar aqueles que nos são caros, é tarefa prazerosa, mas, quando nos deparamos com a necessidade de perdoar um inimigo...! Bem, aí a coisa se complica.

Quem de nós nunca foi carente do perdão de outro? Quem nunca se dirigiu à Deus através da oração, a fim de suplicar perdão por faltas cometidas?

Devemos nos lembrar disso sempre que formos atingidos por outra pessoa. Temos que ter consciência de que se hoje somos incapazes de perdoar, no amanhã podemos estar em situação que nos levará a depender do perdão. E será que se não formos capazes de perdoar, o seremos? Aqui fica um convite a reflexão:

Será que perdoei verdadeiramente aos que me ofenderam? Vamos refletir.

Lembremo-nos sempre de que: PERDOAR É PRECISO.

Texto de Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Lambanranguange Odé Mutaloiá.

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sábado, setembro 01, 2007

O PODER DA ORAÇÃO

É comum em nosso dia a dia, orarmos a Deus nosso Pai, na intenção de solicitarmos alguma intervenção em assuntos variados de nossas vidas. Isso é bom, pois a Oração tem o poder de extirpar males diversos que nos rondam constantemente.

Mas, será que oramos da maneira correta?

A Oração deve ser proferida antes de tudo com o coração e não apenas com a boca, numa repetição inconstante de palavras. É válido sim, proferirmos um Pai Nosso, uma Ave Maria, mas, devemos nos acautelar e dar um sentido especial na oração.

Antes de orarmos, é necessário que façamos uma avaliação de nossas atitudes, peçamos perdão ao Criador, limpemos nossos corações de sentimentos impuros que nos rodeiam frequentemente, e nos recolhamos ao silêncio absoluto.

Devemos escolher um local no qual possamos ter privacidade total, como por exemplo, nosso quarto. Ali, após limparmos nossos corações, pedirmos perdão de nossos erros, elevemos nosso pensamento aos bons espíritos de luz, à Cristo e a Deus, e iniciemos nossa oração.

Não importa que ela seja um Pai Nosso ou outra qualquer que conheçamos o que vale, é que estejamos com nossa mente totalmente voltada para àquele momento, sem nos importar as coisas do mundo. O poder de uma oração é imenso, incomensurável, para diluir todas as forças negativas que nos rondam e teimam em nos arrastar para seu precipício.

Devemos nos entregar de corpo e alma naquele momento, implorar a presença de Deus através de seus mensageiros, suplicar a ajuda para nós, e principalmente, dedicarmos à mesma aos nossos inimigos, para que toda fúria, todo mal que exista dentro dele, seja transformado em bem e amor. Peçamos neste momento a Deus, que perdoe nossos inimigos, que dê luz ao seu anjo da guarda para que ele enxergue que o mal verdadeiro, está fazendo contra si mesmo.

Feito nossa oração, devemos praticar uma segunda parte que muitos se esquecem: dar continuidade a tudo que pedimos enquanto orávamos, ou seja, praticar a caridade, levar a alegria a quem se encontra triste, espalhar o amor e o perdão. Aí sim, poderemos ter a certeza que nossa oração subiu como oferenda aos pés de nosso Pai Celestial.

Texto de Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Lambanranguange, Odé Mutaloiá, escritor e pesquisador.

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sexta-feira, agosto 24, 2007


Por mais que o mundo o deixe triste, as pessoas a magoem, as lágrimas desçam em seus olhos, ainda assim, olhe para cima, para o céu e sinta a força que provém dos anjos. Eles jamais nos abandonam, estão sempre ali, prontos para nos auxiliarem. Olhe para a natureza, encare ali a face de Deus, converse e encontrarás o aconchego que sua alma necessita.
Ame a Deus acima de tudo, honre seus antepassados, e verás a diferença que isso fará em sua vida.




Sérgio Silveira, Tatetú N'Inikisi Lambanranguange, Odé Mutaloiá.






quinta-feira, agosto 16, 2007


A FORÇA DA MAGIA

Anteriormente abordamos aqui o assunto MAGIA, hoje desejo falar sobre sua força.

É comum vermos pessoas aclamarem alguns, e difamarem outros zeladores de Candomblé ou mesmo de Umbanda sobre a força de sua magia e de sua mediunidade.

Queridos, eis que um engano fortíssimo paira sobre este quesito: como descrevi no texto anterior, a magia, é um elemento da natureza, sua força assim sendo é única, o que conta é a força, o desejo de cada um em resolver este ou aquele problema.

A força verdadeira está dentro de nós e não existe força maior ou menor na natureza e em tudo por ela criado. Temos dentro de nós a essência viva de tudo que há na terra, assim sendo sua força também. O que faz um médium ser maior que o outro? Nada! Apenas e tão somente existem aqueles que se dedicam verdadeiramente aos orixás, resguardando os dias santos, abstendo-se de sexo, carne vermelha e outros itens antes de uma sessão por exemplo, e aqueles que apenas seguem uma filosofia por não terem algo melhor para se ocupar. Não realizando assim nada em busca do aprimoramento de sua energia, de sua força.

Assim sendo, existem também aqueles que acreditam verdadeiramente em um ritual realizado e aqueles que apenas crêem se verem algo resolvido em seu favor. Ao começarmos um ritual, é imprescindível que trabalhemos nosso íntimo, a fim de colocarmos nossa energia pura, em prol daquele trabalho.

O desejo mais profundo de nossos corações, já nos garante boa parte do resultado almejado. Acreditar em si mesmo e em nossos mentores, é algo de suam importância para que possamos alcançar este ou aquele favor das entidades às quais recorremos.

Temos antes de tudo que acreditarmos em nós mesmos, nas forças com as quais estamos lidando e confiar que obteremos os resultados.

Não existe mágica maior que essa. Não conseguiremos encontrar em lugar algum uma força maior do que aquela que está dentro de nós.

Sabia que os espíritos usam boa parte desta nossa força para trabalharem em nosso favor? Sim, eles a utilizam como fonte primária ao saírem em caminhada em busca daquilo que solicitamos. Basta que encontrem dentro de nós esta energia incomensurável, que terão mais condições de nos alcançarem o pedido.

Um outro fator que temos que observar, é o nosso merecimento. Sim, não basta pedir para receber, temos que nos mostrar dignos do que pedimos, e não esquecermos que nosso futuro dependerá tão somente de nossos atos no presente.

Aí está a força que tanto buscamos: dentro de nós, seres vivos e integrantes da natureza.

Texto de Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Lambanranguange, Odé Mutaloiá.

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sexta-feira, agosto 10, 2007

DEUS

Nosso erro, é procurar Deus nas coisas mais complexas. Devemos olhar à nossa volta e veremos que ele está presente nas coisas mais simples: nas folhas de uma árvore, no canto dos passáros, numa formiga que trabalha, no riso de uma criança, no correr das águas de um riacho. Sim, nestes elementos, podemos ver o rosto de Deus nosso pai e falar com ele, e se tivermos capacidade, ouvir sua voz.

Texto de Sérgio Silveira, Tatetú N'Inkisi Lambanranguange Odé Mutaloiá, babalorixá, escritor, pesquisador, vice-presidente e conselheiro sacerdotal da UNESCAP.


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terça-feira, agosto 07, 2007

ORAÇÃO AOS BOIADEIROS


Getuá


Meu amigo Boiadeiro! Tu que guia teu gado pelas porteiras dos caminhosde Ogum, que passa por rios, sob Sol e chuva com seu berrante aanunciar tu chegada, com teu chicote em punho, hábil com o laço e nãodeixa demanda criar ajuda-me nesta hora, abra as porteiras de meuscaminhos, traga no teu laço aqueles que me querem mal, que na suachibata haja justiça de minha causa. Que eu encontre em meus caminhos a solução pros meus pedidos.

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domingo, julho 29, 2007

MAGIA


É comum vermos as pessoas falarem sobre a magia, sempre incluindo em seus discursos a magia boa e má. Mas, poucos sabem sentir a magia que existe em nossa volta, afinal ela está presente em tudo pertinente ao mundo que nos rodeia. Seja no ar, na água, no fogo, nas folhas, nos animas, a magia está ali, basta sentirmos sua presença e sabermos como utilizar esta imensa força da natureza.

Muitas vezes as pessoas se degladeiam no assunto magia boa e ruim. Dizem sempre: “fulano é um bruxo do bem, cicrano é do mal”. Mas o que elas não se dão conta, é que na natureza, não existe maldade. A força está ali para quem quiser se servir da mesma, e da forma que achar mais conveniente.

A maldade queridos, está em nós e não nas forças elementais que usamos em nossas vidas. Afinal, essa força foi criada por Deus, com um motivo único independente de sua forma ou feição. Nós seres humanos é que ao manipularmos tais forças, as direcionamos para um ou para outro lado, isso dependendo de nossa índole, de nosso modo de ver e viver cada situação que a vida nos impõe.

Colocarmos a culpa em maldades praticadas por nós, nas forças da natureza, é algo desprezível. Vejamos o exemplo de um exú: este foi criado para encaminhar nossos pedidos às esferas superiores, foi também criado na intenção de propiciar o coito entre nossa raça, colaborando assim para a multiplicação nossa. Mas quantas vezes os utilizamos para o mal? Várias! Isso por culpa dele? Não, em hipótese alguma! Esta entidade, não tem a mínima noção de que o que está fazendo é bom ou ruim. Apenas em seu modo de ver, está prestando um serviço a quem o chamou e assim sendo será recompensado após sua jornada.

O mesmo acontece com egum e tantas outras formas de energia existentes a nossa volta. São seres na verdade, puros em sua essência, e nós pobres mortais, em nossa ganância por poder, é que os utilizamos contra nosso semelhante, nos esquecendo que todas as nossas ações repercutirão em um breve futuro.

Lembremo-nos que: “viver, é tão somente colher hoje, o que plantamos ontem”, e assim, todas nossas ações nos trarão conseqüências seríssimas mais a frente. Enquanto lutarmos por um mundo melhor, de forma justa e sem o desejo ínfimo da vingança, estaremos preparando um banquete de paz e harmonia para nós mesmos em nosso futuro. Mas, se nos deixamos levar pela vingança, ódio, raiva ou qualquer outro sentimento inferior e contrário às leis de Deus nosso Pai Celestial, estaremos nos condenando a uma vida completamente cheia de todos os tipos de sofrimentos e dores.

É preciso que saibamos usar a magia, para beneficiar as pessoas e não para nos fazermos seus juizes e algozes. Temos que entender que as leis de Deus são para todos e não somente para alguns. Esta lei, jamais nos fará réus se formos vítimas, mas também jamais irá tirar o direito de quem tem para dar a quem não tem.

Lembremo-nos de nosso Mestre Jesus, que soube como ninguém perdoar os que o odiavam até mesmo em seu suplício pediu ao pai que os perdoasse. Será então que estamos realmente agindo em conformidade com as leis divinas?

Temos que nos atentar também de que nossos orixás, e todas as entidades, são partes vivas desta lei, compõem o grandioso elemento denominado MAGIA e, estes seres com certeza não compactuam nem concebem tais atitudes.

Que possamos aprender a amar sem sermos amados, perdoar sempre, e pedir em nossas orações que Deus perdoe nossos inimigos. Mas se formos feridos de forma imensa, entreguemos nas mãos de Deus e de seus Ministros, que são nossos orixás e seus mensageiros.

Texto de Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Lambanranguange, Odé Mutaloiá. Escritor, pesquisador, vice-presidente da União Espírita Capixaba e membro de seu conselho sacerdotal.

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terça-feira, julho 24, 2007

CARIDADE


Segundo a doutrina espírita, bem como os próprios ensinamentos bíblicos, esta é a maior forma de demonstrarmos amor a Deus. Afinal, estarmos ajudando a um de seus filhos, estamos agradando antes de tudo nosso Eterno Pai.

Mas quanta tristeza ao verificarmos no dia a dia, que muitos seguidores de diversas ramificações religiosas, apenas se degladeiam numa eterna auto afirmação de SER O ÚNICO REPRESENTANTE DE CRISTO NA TERRA. Dando vazão assim apenas a soberba tanto criticada por Cristo Jesus.

Basta avaliarmos as escrituras sagradas e verificarmos que a única religião que ele pregou, foi o amor a Deus e nosso semelhante, jamais afirmando que este ou aquele estaria certo. Este mesmo Mestre e Irmão nosso, nos ensinou a sermos tolerantes com nossos irmãos, a suportarmos as agruras da vida, com tenacidade em nossa fé. E hoje, enquanto acontece verdadeira batalha por uma causa sem justificativa, muitos adeptos se encontram jogados na sarjeta das ruas, outros passando fome com suas famílias, outros abandonados à própria sorte ainda pequeninos.

Será que este é o ensinamento de Jesus? Podemos afirmar que não. Ele tão somente amou sem ser amado, padeceu sem odiar àqueles que o imolaram feito cordeiro na hora do inevitável sacrifico. E como se não bastasse, suas últimas palavras foram para pedir perdão para seus algozes.

Não pretendemos de forma alguma criticar a quem quer que seja, apenas desejamos, que ao invés de batalhas por um posto de alto satisfação, fossem essas forças dedicadas a ajudar àqueles que sofrem pelo abandono e sofrimento de todas as formas.

Texto de Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Lambanranguange Odé Mutaloiá. Escritor, Pesquisador, Vice-Presidente da UNESCAP, União Espírita Capixaba.

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quinta-feira, julho 19, 2007

VIOLÊNCIA


O que mais tem incomodado a todos nós nos últimos anos, é a crescente onda de violência que se espalha cada vez mais forte em nosso meio. Muito temos acompanhado os assassinatos, as verdadeiras carnificinas que são promovidas por pessoas que de forma alguma carregam a mínima essência de Deus dentro de si. Não que esta não exista, mas tão somente porque preferem mantê-la apagada, ao invés de praticarem-na.

Muito se fala na imprensa e nas conversas entre amigos, de medidas para se coibir tais atos. Realmente algumas medidas se fazem urgentes, mas a verdadeira razão para que esta onde não diminua, é o completo afastamento das pessoas de Deus nosso Eterno Criador.

Ao afirmar isso, não nos referimos a esta ou aquela religião, mas sim, na busca de um entrosamento maior, de uma reaproximação com nosso pai.

Acreditamos que no momento que o homem, se voltar para Deus, reconhecer sua magnânima existência, e aceitar suas leis como únicas no regimento de nossas vidas, esta onde perderá gradativamente suas forças, até chegar o momento em que ela não mais existirá.

Nosso amado mestre Jesus, deixou-nos seus ensinamentos, e dentro dos mesmos, o pedido para que nos amassemos como ele nos amou. Mas, devido às nossas falhas e imperfeições, deixamo-nos ser levados por uma ânsia de nos elevarmos sem nos importar mesmo com quem estamos prejudicando. É imprescindível em nosso ver, que todos os líderes religiosos, voltem seus sermões e esforços, no intuito de anunciar o verdadeiro amor de Deus e Cristo, e começar a praticar a tolerância com aqueles que nada mais são que nossos irmãos.

Oremos, clamemos pelas forças do Céu, que com certeza, os mensageiros da paz e do amor, intercederão para que essa violência seja extinta de nosso meio.


Texto de Sérgio Silveira, Tatetú N'Inkisi Odé Mutaloiá. Escritor, pesquisador, vice-presidente da UNESCAP, União Espírita Capixaba e membro de seu conselho sacerdotal.


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REPRESENTANTES DE CRISTO


É com muito pesar que vemos nos dias atuais, verdadeira batalha entre as ramificações de religiões Cristãs, no sentido de auto afirmarem “a única representante de Cristo na terra”.

Enquanto se degladeiam neste quesito, não percebem que seus seguidores, estão sucumbindo em um verdadeiro mar de lágrimas e sofrimentos. Não cabe a nós, julgarmos se esta ou aquela está certa, no apogeu de seus verdadeiros templos faraônicos, mas se seguem a Cristo que nasceu em uma manjedoura, e morreu crucificado por ordem de um império, pensamos que a humildade seria mais conveniente.

Enquanto isso, nós espíritas, seguimos nosso dia a dia, vendo Deus e Cristo, em sua verdadeira forma: a natureza. Sim! Que melhor forma para o rosto do Supremo Arquiteto, que a natureza por ele criada?

Não possuímos templos luxuosos, não nos importa que fulano ou beltrano esteja com a razão, pois temos a convicção de que o mesmo Deus julgará a todos independentes de nossas auto afirmações.

Temos a certeza de que o que não podemos fazer em hipótese alguma é manter nossos olhos fechados à pobreza e miséria que se encontram muitos de nossos irmãos menos favorecidos, enquanto buscamos o apogeu exigido por nossa ganância de poder.

Vivemos na tentativa de tão somente ajudar a quem quer que seja não nos apercebendo nem mesmo se comungam ou não nossa fé.

Buscamos nas matas, rios, lagos, e demais elementos naturais, a verdadeira expressão de Deus nosso Pai Celestial. Temos a ele, voltado nosso pensamento e coração em constante oração pela humanidade. Cientes de que tudo que aqui fizermos será cobrado de nós tanto nesta terra, quanto no além túmulo.

Apenas nos entristece, saber que enquanto líderes religiosos teimam em degladear, seus adeptos, ficam entre a cruz e a espada, carregando seu fardo, sem saber, se realmente importam para alguém.

Texto de Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Lambanranguange, Odé Mutaloiá. Escritor, pesquisador, vice-presidente da UNESCAP, e membro do conselho sacerdotal.

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domingo, julho 15, 2007

RELIGIÕES


Nos dias de hoje, é comum vermos as ramificações cristãs, se confrontarem em verdadeiras batalhas, para a conquista de novos membros, ou para a manutenção dos atuais em seus templos.

Acho que isso é um absurdo até porque na maioria das vezes, este confronto em nada tem a ver com a realidade moral, mas sim, com a realidade financeira de seus administradores que não medem conseqüências para aumentarem as rendas de suas facções.

Pergunto-me apenas, onde estão os valores éticos, morais e filantrópicos destes cultos. Somos sabedores de que o dízimo pago por seus fiéis, deveria ser aplicado nas comunidades onde estes templos estão erguidos. Mas, basta darmos uma olhada nestes bairros, em suas maiorias carentes, que veremos que a quantia arrecadada, tão somente engorda cada vez mais a conta bancária destes seguimentos e em nada é utilizado no sentido de abrandar a dor daqueles abandonados pela elite de nossa sociedade.

O próprio governo deveria atentar para este fato, pois que esses templos são isentados de impostos justamente para isso: para que acolham através de doações àqueles menos favorecidos, que apliquem seus recursos nessas comunidades.

Mas, o que vemos muitas vezes, é um total abandono destas pessoas, que muitas vezes dividem o pouco que ganham com sua religião.

Em outros casos, esses recursos são aplicados na construção de templos faraônicos, que tão somente imperam em exuberância, vindo de contra outro princípio que a eu ver, deveria ser à base de qualquer religião: a humildade. Sim, a humildade pregada e exemplificada por Cristo, nada tem a ver com a exuberância, luxo ou qualquer outro fator mundano.

Nosso amado Mestre nasceu em uma manjedoura, era filho de carpinteiro, viveu toda sua vida na pobreza, e culminou com sua crucificação, pelo império que não o suportava, justamente por sua pregação de que “deveríamos nos preocupar em acumular tesouros no céu e não na terra”.

Oras, se Cristo viveu assim de forma tão humilde, por que aqueles que se AUTO INTITULAM SEUS REPRESENTANTES, insistem na ostentação, na aparência mundana e vulgar, ao invés de, por exemplo, dividirem suas riquezas com aqueles que pouco ou nada possuem?

Deus como sabemos, é o criador de tudo e de todos. Seu filho Jesus, nosso irmão, foi o exemplo da humildade, amor e resignação, não seria mais lógico que seus seguidores seguissem seus exemplos? E se parassem com esta guerra, para se auto afirmarem “seus representantes” e se unissem em prol da humanidade de forma verdadeira?

Cuidar de nossos irmãos, não é interferir, por exemplo, na justiça, fazendo com que criminosos deixem de pagar suas dívidas com ela. Mas sim, erradicar a fome, a miséria, doar amor, caridade, honestidade. E não ficar caluniando a quem quer que seja levantar falsos testemunhos contra demais filosofias, religiões, e grupos variados.

Sermos Cristãos em meu ver é vivermos como Cristo Jesus, ou seja, na humildade e não na soberba, luxo, ganância e avareza. De nada adianta nos proclamarmos religiosos, se não tivermos a consciência de que nosso maior mentor, Jesus Cristo, condenou o acúmulo de fortunas terrenas.

Talvez se as igrejas assim procedessem, estaríamos perto de mudanças no mundo, como a paz tão sonhada por todos. Estaríamos mais próximo de um mundo justo onde todos tivessem sem distinção de raça, cor e credo, seus direitos, como o de ter uma alimentação diária garantidos.

E quem sabe assim, poderíamos dormir sem o medo de tanta guerra, tantos assassinatos e outras barbaridades que se acumulam em nosso dia adia?

Texto de Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Lambanranguange: Odé Mutaloiá.

Mutaloiá é, Escritor, Pesquisador, Vice-Presidente da UNESCAP, União Espírita Capixaba, Entidade federativa e sem fins lucrativos e membro de seu conselho sacerdotal.

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terça-feira, maio 15, 2007

ORAÇÃO AO ANJO DA GUARDA

Meu companheiro fiel, a quem Deus confiou minha guarda, protetor e defensor meu.

Muitas graças vos dou por me haverdes livrado de tantos perigos. Guiai-me, preservai-me de todo erro e de toda desgraça.

Apresentai à divina majestade minhas orações e obras, meus trabalhos e minhas aflições e fazei com que eu siga buscando a perfeição que me está destinada.

ORAÇÃO PARA PEDIR A PROTEÇÃO DO ARCANJO MIGUEL

Ó Deus, que entre todos os anjosEscolhestes Miguel para comandar vosso exército,Chamando-o de semelhante a Deus.

Trazei a mim a força e a proteção de Miguel, Para derrotar meus opositores,Para me dar a vitória,Para guardar meus passos.Arcanjo guerreiro, luta comigo!Arcanjo guerreiro, trabalha comigo!

Arcanjo guerreiro, afasta de mim o mal!

PAI NOSSO DA UMBANDA

Pai Nosso que estais nos céus, nos mares, nas matas e em todos os mundos habitados; santificado seja o Teu nome, pelos teus filhos, pela natureza, pelas águas, pela luz e pelo ar que respiramos.

Que o teu reino, reino do bem, do amor e da fraternidade, nos una a todos e a tudo que criastes, em torno da Sagrada Cruz, aos pés do Divino Salvador e Redentor. Que a Tua vontade nos conduza sempre para o culto do amor e da caridade.

Dai-nos hoje e sempre a vontade firme para sermos virtuosos e úteis aos nossos semelhantes.

Dai-nos hoje o pão do corpo, o fruto das matas e a água das fontes para o nosso sustento material e espiritual.

Perdoa se merecemos as nossas faltas e dê o sublime sentimento do perdão para os que nos ofendam.

Não nos deixei sucumbir ante a luta, dissabores, ingratidões, tentações dos maus espíritos e ilusões pecaminosas da matéria.

Enviai Pai, um raio da Tua Divina complacência, luz e misericórdia para os teus filhos, pecadores que aqui labutam pelo bem da humanidade.

Salve a Umbanda!

segunda-feira, maio 14, 2007

PRECE À YEMANJÁ

“Oh”! Doce, meiga e querida mamãe Iemanjá. Vós permitis que no seio de vossa moradia fossem geradas as primitivas formas de vida, o berço de toda a criação, de toda a natureza, e de toda a humanidade. Aceitai nossas preces de reconhecimento e amor.

Oh! Visão divina e celestial. Que os lampejos que emanam de vosso diáfano de estrelas venham, como benéficas vibrações espirituais, aliviar os nossos males, curar os doentes apaziguar os nossos irmãos irados, consolar os corações aflitos.

Que as flores e oferendas que depositamos em vosso tapete sagrado, sejam por vós aceitas e quando entrarmos nas águas para ofertá-las sejam as ondas do mar portadoras de vossos fluidos divinos. Fazei senhora Rainha das águas, com que à espuma das ondas em sua alvura imaculada traga-nos a presença de Oxalá, limpe os nossos corações de todas as maldades e más querências.
Que os nossos corpos, tocados por vossas águas sagradas, libertem-se em cada onda que passa, de todos os males materiais e espirituais.

Que a primeira onda afaste de nossas mentes todos os eventuais desejos de vingança. Que a Segunda, lave nossos corações e nosso espírito, para que não nos atinjam a infâmias e mau querências de nossos desafetos.

Que a terceira onda afaste a vaidade de nossos corações.

Que a quarta lave nosso corpo de todos os males e doenças físicas para que, sadios, possamos prosseguir.

Que a quinta onda afaste de nossa mente a ganância e a cobiça.

Que a sexta, venha carregada de flores e que nosso maior desejo seja o de cultivar o amor fraternal que deve existir entre todos os homens.

E que ao passar a sétima onda, nós, puros e limpos de mente, corpo e alma, possamos ver, ainda que por apenas alguns segundos, o esplendor de vossa radiosa imagem. È o que humildemente vos suplicam os filhos de Umbanda."

domingo, abril 08, 2007

OS ORIXÁS E SUAS ERVAS

Um fator importantíssimo na formação de um sacerdote é o conhecimento das INSABAS, (ervas sagradas), pois que sem elas, não podemos realizar nada dentro do axé orixá. Delas dependemos desde a realização de um ebó até a feitura de um yawô, como até mesmo no preparo de um corpo para ser sepultado. Mas estas ervas são de uma complexidade muito grande, pois que umas servem para vários orixás, outras tão somente para algumas qualidades. As ervas de Nanã e Omulú, por exemplo: JAMAIS podem ser usadas em pessoas de alguns santos. Já existem outras que apanhadas de manhã bem cedo, são para um determinado fim, de tarde para outros, e assim por diante. Ainda existem aquelas que não podem ser utilizadas em hipótese alguma por qualquer que seja a qualidade do orixá dado a serem ervas de egum, exú e assim por diante. Algumas destas ervas proibidas no axé orixá são:

Folha de amora por ser erva de egum e não de santo como dizem alguns,
Folha de fogo,
Folha de canssanção
Urtiga
Pinhão roxo
Folha de carambola
Folha de jamelão
Folha de corredeira e assim por diante.

É necessário que um zelador tenha profundo conhecimento das insabas para que ao preparar um banho, por exemplo, não venha a destruir a vida das pessoas. As ervas são a natureza viva, e como tal, sua força é pura, ou como dizemos normalmente: “uma força bruta”, esta força é totalmente independente da vontade do homem, ou jamais será manipulada por ele, a não ser para seu uso diário, assim, devemos estar bem conscientes de nossas atitudes, dado que estas forças uma vez invocadas, atuarão na vida das pessoas podendo causar malefícios ou benefícios, e isso se dará de conformidade com o uso que fazemos dela. Assim é imprescindível que as cultuemos que zelemos pela natureza para que possamos sempre estarmos utilizando de suas riquezas. E que aprendamos corretamente o uso das Insabas antes de utilizá-las. Faz-se necessário também que nós do axé orixá, nos empenhemos no combate ao desmatamento, e qualquer outra coisa que venha a destruir a natureza, pois basta que lembremos que nossos santos, governam esta natureza e, que sem ela, não TEREMOS COMO CONTINUAR a praticar esta religião tão maravilhosa.

Assim, passamos a seguir a discriminar algumas ervas de cada orixá:

Folhas de Ogum:

Folha de dendezeiro
Junça (espada de S. Jorge)
Folha de jurubeba
Abre caminho
Gervão
São gonçalinho
Folha de canela
Eucalipto (não se usa em banhos)

Oxossi

Chapéu de couro
Alecrim da horta
Aroeira
Pitanga
Alfavaquinha
Pariparóba (capeba)
Cinco folhas
Lança de Ogum
Folha de coqueiro
Taquarinha
Dinheiro em penca

Ossanha ou Agué

Castanheira (amendoeira)
Folha de fumo (não se usa em banhos)
Erva de passarinho (não se usa para banho)
Alfavaca
Manjericão
Vassourinha
Essas são algumas das ervas que se usa em Agué, uma vez que por ser ele o dono das folhas são utilizadas praticamente todas as ervas para este santo.

Oxum Marê

Rama de batata doce (não se usa em banhos)
Folha de bananeira (não se usa em banhos)
Melão de S. Caetano (não se usa em banhos)
Jibóia (não se usa em, banhos)
Taioba (não se usa em banhos)
Erva de passarinho (não se usa em banhos)
Capeba (Pariparóba)

Omulú/ Obaluayê:

Canela de velho
Assa peixe
Alfavaca
Jarrinha (não se usa em banhos)
Taioba (não se usa em banhos)
Cordão de frade
Taquarinha
Aroeira (só pertence a este santo em determinados horários)

Tempo:

Castanheira (não se usa em banhos)
Boldo
Canela de velho
Palmeira (não se usa em banhos)
Alecrim
Cana de macaco
Manjericão
Aroeira (seguindo o mesmo horário de Omulú)

Xangô:

Akôkô
Betis cheiroso
Sucupira
Elevante
Folha de quiabo
Gameleira

Logum Edé

Chapéu de couro
Oriri
Colônia
Alecrim da horta
Manjericão
Alfazema
Patióba
Alfavaquinha

Oyá:

Para raio (não se usa para banho)
Folha de manga espada
Eucalipto (não se usa em banhos)
Erva prata
Catinga de mulata
Perecum vermelho (somente se usa em determinados banhos)
Malva cheirosa

Oxum:

Manjericão
Colônia
Oxubatá (não se usa em banho)
Sândalo
Erva de Santa Luzia (não se usa em banhos)
Capeba
Oriri

Yemanjá:

Brilhantina
Cana do brejo
Imbaúba (não se usa em banhos)
Saião
Colônia
Folha de algodão
Trançagem
Betis cheiroso

Nanã:

Negramina
Assa peixe
Taioba (não se usa em banho)
Taquarinha (só pertence a este santo em determinado horário)
Cordão de frade (não se usa em banhos)
Jarrinha (não se usa em banhos)
Alfavaca
Mostarda

Oxalá:

Boldo
Saião
Colônia
Folha de algodão
Poejo
Trançagem
Melão de S. Caetano

Como dissemos, estas são apenas algumas das ervas que cultuamos dentro do axé orixá. É de suma importância que observemos os horários em que vamos tirar as insabas, uma vez que podemos ter um aproveitamento inadequado e dependo de qual orixá, os riscos poderão ser irreparáveis. Muito importante também é sabermos as rezas para se retirar as ervas, o que damos para agué, o que faremos com elas ao chegarmos ao barracão.

Estes são procedimentos indispensáveis ao manuseio das ervas sagradas. Cada orixá, como já dissemos, possui suas ervas, mas como sabermos ao certo? É necessária uma convivência com nosso (a) zelador (a), para que possamos aprender o uso correto delas. Nossos orixás são: paz, amor, perdão, e para tanto devemos obedecer às regras que existem em toda sua iniciação bem como na utilização de seus favores.

Se nossos orixás são: paz, amor e perdão, também são seres que já viveram nesta terra, e como tais, precisam de sabedoria nossa ao lidar com tudo que lhes diz respeito. Se ao lidarmos com determinado fator dentro de nosso axé, não sabemos exatamente o que fazermos, é imprescindível que peçamos auxílio a uma pessoa mais velha, e que por estar a mais tempo nesta prática, saberá como nos orientar. E um desses imprescindíveis auxílios, é justamente o uso das ervas sagradas aos orixás.

É comum vermos pessoas utilizando algumas ervas, mas sem o devido conhecimento de seus segredos. E basta um banho com uma erva imprópria ao orixá e danificamos e em muito a vida daquela pessoa. Como pudemos observar mais acima, existem ervas que não são utilizadas em banhos, e tão somente por serem ervas QUENTES e acabariam assim por esquentar muito o ori da pessoa. Fazendo com que seu anjo da guarda fique de tal forma agressivo, que poderá ao invés de ajudar, levar prejuízos a aquele ser.


Tatetú N'Inkisi Lambanranguange, Odé Mutaloiá.

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