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sexta-feira, junho 05, 2009

SAMBA DE CABOCLO




Festa muito concorrida, realizada esporadicamente pelos Candomblés de Angola, para homenagear esses mensageiros de nossos Inkisis, (Orixás).

Geralmente essa festa é realizada uma vez por ano, e, na ocasião, são oferecida todas as comidas que eles gostam, frutas e outras iguarias, além da Jurema, uma bebida ritualística e preparada com ervas dentro de um segredo muito bem guardado.

Durante o ano, são realizadas várias festas em homenagens aos Orixás, Inkisis, e nelas se ofertam suas comidas preferidas a eles e a todos que dela participam. Mas, em determinada época, que varia de casa para casa, é realizada a festa chamada Samba de Caboclo.

Geralmente começa-se com a louvação e a entrega de presentes a Exú para que ele não permita que forças estranhas se aproximem e culminem por perturbarem o evento. Depois então se pemba a casa, e após a louvação de ogum e Oxossi, canta-se para os caboclos. Obviamente que o ritual de iniciação varia de acordo com a casa e com o sacerdote e seu aprendizado.

Depois os ogãs, começam a entoar cantigas próprias para a evocação desses mensageiros dos Santos. Uns cantam primeiro para os chamados, “Caboclos de pena” que são indígenas que servem aos Orixás, e depois se entoam a toada, cânticos próprios para invocar os boiadeiros.

E chegam eles, cada um com seu brado, Ilá, e depois de serem vestidos com laçarotes que enfeitam seus tórax, rodilhas de pano da costa na cabeça, cumprimentam as pessoas e são servidos com charutos e coetés contendo a Jurema.

Dá-se início às cantigas de cada Caboclo, ocasião em que ele se apresenta, dizendo seu nome e de onde vem. Alguns Caboclos preferem dançar e beber sua Jurema, mas, outros querem consultar as pessoas, agradá-las da mesma forma que são agradados. Desejam compartilhar de sua alegria com todos que ali estão para homenageá-los e assim segue-se a festa em plena alegria.

O Caboclo do zelador da casa sempre é o primeiro a incorporar-se em seu médium e depois de satisfeitas suas necessidades e vontades iniciais, começa a chamar pelos Caboclos de seus filhos de santo.

Quem já participou de uma festividade dessas, sabe a maravilha que são os momentos que passamos com essas entidades. Sempre possuem uma palavra de conforto para os que precisam, gostam de se sentirem amados e muitas vezes mostram seu amor por nós, seres humanos que ali estamos a lhes homenagear.

Muito dificilmente um Caboclo de Nação, como são chamados, vira em ocasiões que não seja sua festa, e isso se deve ao fato de ser ele, o mensageiro de nosso Orixá e assim sendo, passa todo tempo servindo o Santo ao qual é submisso e trabalhando em favor da casa e das pessoas que compõem seu universo. Sempre que desejamos sua intervenção em algum assunto de nossa vida, lá estão eles, prontos a nos atenderem segundo as determinações de nossos Orixás. Bastando que para isso, ofereçamos a obrigação adequada para cada um.

Esses caboclos são assentados da mesma forma que todas as entidades do Candomblé, e seus assentamentos variam de conformidade com sua qualidade.

Obviamente que sendo o Caboclo, um mensageiro de nosso santo, conhece sua face e assim sendo têm de ser muito respeitados por seus filhos e demais pessoas que frequentam a casa de Candomblé.

Comumente vemos os Caboclos afirmarem em suas cantigas, sua procedência tanto quando na vida material, como também a qual Orixá serve e onde vive no mundo espiritual, basta que para isso prestemos atenção a tudo que eles cantam e nos falam, aliás, as cantigas são orações cantadas e sempre devem ser seguidas de respeito.

Muitos são os Caboclos que se incorporam no Candomblé:

Caboclo Lírio d’água.

Boiadeiro menino.

Lajedo.

Sultão das Matas.

Pena Azul.

Pena Branca.

Cabocla Jussara.

Cauíza.

Erú.

Pena Roxa.

Caboclo Iluarada.

Aqui citamos apenas alguns desses maravilhosos seres que se dedicam a nos ajudar em nossa cainhada, e citar seus nomes todos, seria humanamente impossível, assim sendo, espero que todos se sintam homenageados nessas humildes páginas.

Também são muitas suas cantigas mas algumas mais conhecidas, servem aqui como forma de homenagear aos mensageiros de nossos ancestrais:

“Maré encheu, maré vazou, de longe muito longe, eu avistei Iluarada, a sua cabaninha, coberta de sapê, seu arco sua flecha, sua cabaça de mel”.

“Pedrinha, miudinha na Luanda ê, Lajedo, tão grande, tão grande na Luanda ê”.

“Nos caminhos da Lapa, gangará, cercado de espinhos gangará, quanta gente boa gangará e eu aqui sozinho gangará”.

“Táta mona e ta, aroeira, pelos caminhos que eu andar, aroeira, eu só vê Luanda, aroeira, sou filho de Gangazumbá aroeira”.

“Valente na sua tribo, caçador Irajá, na tribo dos guaranis, ele foi cacique ele foi pajé, na tribo dos guaranis, o seu nome é Aimoré, Aimoré, moré, moré, Aimoré, moré moré, moré”.

Salve todos os caboclos de nação, e, que possam nos ajudar em nossa jornada nessa vida.

Axé.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi Lambanranguange: Odé Mutaloiá.

odemutaloia@hotmail.com