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sexta-feira, dezembro 24, 2010

OXUM, ORIXÁ REGENTE DE 2011

Segundo o Oráculo Sagrado dos Orixás, esse ano será regido pela radiosa Yabá Oxum. Junto com ela virá o Orixá Odé, e teremos ainda a influência de Yemanjá e Xangô. Mas, Oxum reinará do primeiro ao último dia do ano.

Na interpretação do jogo, teremos um ano bom para a agricultura, no qual tende a ter muita fartura, pois Odé o Senhor da caça e da agricultura, vem junto com sua esposa nesse novo ano. E também por ser um ano onde teremos a água com mais fartura, irrigando nossas plantações.

Oxum mostra a necessidade do ser humano volta-se mais para as coisas do espirito e de Deus, pois ela traz a misericórdia e o perdão para todas as ofensas recebidas.

Como mãe ela pede para que seus filhos se unam e se amem para que possam assim ter paz na Terra. O jogo mostra um ano com ainda alguma tendência de guerra, pois a influência de Xangô assim o faz, mas, as águas de Oxum vêm lavando todo o ódio, rancor e mágoa dos corações.

Teremos um ano em que as conquistas podem ser muitas. Oportunidades as mais variadas tendem a se mostrar para as pessoas.

Para as pessoas do Santo, Oxum traz um ano de muito axé, com fartura e muita prosperidade. Como é senhora dos encantos, podemos ofertar-lhe presentes para que ela encante os inimigos e esses se tornem amigos, pondo fim assim, a todas as desavenças possíveis nesse planeta.

O ano de 2011 será regido pelo odú Yorussum, o qual traz consigo Yemanjá e essa derrama toda sua ternura por sobre nós, trazendo assim ótimas oportunidades em nossas vidas.

Com a regência de Yorussum, e consequentemente a influência de Yemanjá, temos um ano muito bom para se constituir família, (esse fato se deve também à regência de Oxum), começar novas amizades e reatar antigos laços.

Temos assim com o reinado de Oxum e a influência de Yemanjá e de seu odú Yorussum, um ótimo ano para a humanidade buscar mais à Deus a paz, dado que essas influências juntas proporcionam ótimo momento para conciliações amorosas e reconciliações diversas.

Já o primeiro dia do ano será regido por Obará e esse traz a influência tanto de Xangô como de Odé. No lado de Odé, esse odú nos traz a fartura, a prosperidade, boas colheitas. No lado de Xangô proporciona bom momento para o lido com documentos e papéis variados.

Xangô inclusive orienta a todos que possuem causas judiciais, que busquem a solução imediatamente após o começo do ano, pois a influência de Obará tende a permanecer por seis dias, mesmo com outro odú regendo os demais dias.

Xangô só alerta para aqueles que devem na justiça, pois fará com que a mesma seja feita doa a quem doer e cobrará caro tudo de ruim que fizemos ou que fizermos no decorrer do ano que se inicia. Esse Orixá por ser guerreiro, Senhor do fogo, traz certo calor de guerra para a humanidade, fazendo com que algum desiquilíbrio possa afetar algum desavisado, mas, as águas de Oxum ali estão para amenizarem todo esse ardor.

Oxum, orixá predominante no ano de 2011, beneficia também na procriação da raça humana, então as mulheres que desejam ter filhos e não conseguem, podem fazer promessas a ela com esse intuito. Mas, ressalto que as promessas são alcançadas de acordo com nosso merecimento perante Olorúm, Deus e que se o pedido for alcançado, devemos pagar o que prometemos de qualquer forma.

A maravilhosa e amorosa Oxum traz o suave perfume e seu amor eterno para diminuírem as dores de nossos corações e elevar nossa alma.

Devemos usar na passagem de ano, tons amarelos, e as mulheres podem e devem abusar das joias ou mesmo das bijuterias em tons dourados atraindo assim as vibrações de Oxum.

Para que você possa alcançar as graças dessa Yabá nesse novo ano faça o seguinte:

Leve em uma cachoeira ou na beira de um rio:

05 maçãs

05 rosas amarelas, sendo que deve jogar perfume nas rosas e colocar o vidro ao lado.

05 velas amarelas

05 quindins

Arrume as maçãs em um prato de bom tamanho, intercale com os quindins, coloque as rosas, se puder coloque em uma jarra e em volta, coloque o vidro de perfume ao aldo, acenda as cinco velas amarelas. Faça seus pedidos e se a obrigação for feita em uma cachoeira, lave sua cabeça pedindo a ela para tirar todo mal de sua vida.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.


quinta-feira, dezembro 23, 2010

OFERENDAS PARA OGUM ABRIR OS CAMINHOS

Compre um inhame rosa, de bom tamanho.

Junte 21 palitos de palha de coco bem limpos.

21 moedas

01 copo virgem

01 vela branca comum

01 alguidá médio

Dendê

Mel

Em uma panela coloque o inhame para cozinhar depois de lavar o mesmo. Após cozido coloque em um prato e deixe esfriando. Após frio, descasque-o e unte-o com azeite de dendê e crave as moedas nele. Depois de cravar as moedas, vá enfiando os palitos feitos com a palha de coco untados também no dendê.

Dentro do alguidá coloque seus pedidos e por cima esse inhame enfeitado. Regre com azeite de dendê e mel. Leve em uma estrada de barro reta e lá coloque com a vela acesa e o copo com água e faça seus pedidos. Com certeza abrirá seus caminhos. Se for para emprego, peça a ele que te ajude a conseguir o emprego que deseja, se tiver com alguma dificuldade em seu trabalho ou em sua vida, peça para ele afastar a mesma.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.






segunda-feira, dezembro 20, 2010

MUITO AINDA TEMOS QUE APRENDER COM NOSSOS ORIXÁS E MENSAGEIROS DE LUZ

Vivemos em um mundo onde os valores materiais sempre suplantam os espirituais. As coisas da carne, como poder financeiro sempre falam mais alto que o verdadeiro tesouro: o conhecimento e a nobreza do espirito.

Temos convivido com pessoas que se dizem altamente espiritualizadas, mas na verdade nada praticam daquilo que pregam. Outras por sua vez, dão valor somente aos bens que alguém conquistou em sua jornada, não se importando em avaliar em que grau de estágio se encontra seu espirito.

Muitos dos que se dizem “sacerdotes”, escondem-se em templos luxuosos, onde a nobreza do ouro impera e a soberba do dinheiro compra tudo até mesmo o perdão pelos “pecados” pregados por sua fé.

Leigos e pessoas sem cultura, ou mesmo, pessoas de alto poderio, mas acostumados com a indulgência paga, amontoam-se nesses templos e ali propagam uma fé que na verdade tem seus fundamentos belos, seus rituais benignos, mas infelizmente a ganância e a avareza derrubam por terra toda sua plenitude.

Muitos ainda se escondem na fé para praticarem o adultério, e outros males que correm a alma e condena o espirito a viver em um mundo de trevas após seu desenlace desse planeta.

De que adiantam templos suntuosos, sedas, carmins, ouro, dinheiro, se nada disso compra nem comprará jamais o perdão por nossos erros?

Em tempos mais remotos, guerras foram travadas, promoveram as cruzadas com o intuito de tomarem a terra dos povos árabes, alegando ser aquela “uma terra santa” e assim pertencente à igreja católica. Onde há registros que uma terra de um povo pertence a uma ramificação religiosa?

Em outros tempos, criaram a santa inquisição, ferramenta que foi abundantemente usada para torturar a matar pessoas em “nome de Deus”, pois segundo suas pregações, negro não possuía alma, eram animais.

Milhões foram queimados vivos nas fogueiras da inquisição e mesmo assim ainda têm coragem de se intitularem “a única religião representante de Cristo”. E todos os ensinamentos desse Profeta; onde foram parar?

Hoje, com as leis, torna-se impossível queimar pessoas vivas, mas, continuam na perseguição contra os templos de Candomblé, alegando sermos nós, adeptos do capeta. Mas, o que é o capeta? Até hoje não achei uma única explicação plausível para esse nome.

Se capeta for a personificação do mal, então o que são eles, que mataram e esquartejaram em nome de Deus?

Sei apenas que perseguem nossa religião e nos massacram como se nada fôssemos. Mas, temos uma lição que devemos aprender com nossos antepassados africanos e com nossos Orixás: a da humildade acima de tudo.

Podemos observar em todos os templos que, quando manifestados, esses Orixás, seres que governam a natureza, trazem dentro de si, uma humildade tamanha, mesmo possuindo uma força indescritível sempre são humildes em tudo que fazem e suas rezas nos consolam em nossos momentos mais difíceis.

Em sua grande maioria, os templos a eles dedicados, estão nas zonas periféricas, sem riqueza, sem ajuntamento de ouro, sem soberba e sem orgulho, até mesmo porque aqueles que se atrevem a agir dessa forma têm um fim doloroso.

Os templos de Orixá são construções simples, onde apenas existe o necessário para os rituais de fé desse povo. Os Ministros de Deus, quando manifestados em seus eleitos, possuem uma humildade tão grande que chega até mesmo a levar às lágrimas as pessoas que realmente entendem de seus fundamentos e assim sendo, sabem de sua procedência, de suas histórias enfim.

O mesmo acontece com a Umbanda, onde também encontramos a humildade, o cheiro do incenso, do charuto, do cachimbo, e as doces palavras de consolo dos pretos velhos e dos demais guias que ali se manifestam para prestarem a caridade.

Mas, muito ainda temos que aprender com todos esses seres, pois estamos muito distantes da humildade verdadeira, do verdadeiro amor e do verdadeiro perdão.

Temos ainda uma longa jornada pela frente, dado que somos espíritos em evolução e como tal, nos assemelhamos à crianças ainda em desenvolvimento, que carecem de atenção diária de suas mães. E nós carecemos da atenção de nossos Orixás e Guias protetores.

Nada desse mundo carregaremos para a vida além-túmulo. De nada nos servirão os tesouros aqui juntados. Para nada nos servirá nossa conta bancária, em nada nos favorecerá o orgulho e a arrogância. Assim, saibamos cultivar hoje, aprendamos com nossos Orixás e Protetores, esses mensageiros de luz, fiéis a Deus, para que tenhamos uma vida melhor em espirito.

Lembremo-nos sempre de que apenas nossa alma irá para a vida pós morte e lá teremos que dar contas de todos os atos cometidos nesse mundo.



Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.


quinta-feira, dezembro 16, 2010

OS RITUAIS COM SACRIFÍCIO

Dentro do Candomblé é natural o sacrifício de animais, sejam aves ou quadrúpedes dependendo da situação, em louvor às divindades que governam a natureza em nome de Olorúm, Deus.

Em praticamente tudo que fazemos, emprega-se esse rito, pois com o sangue, consagra-se desde os objetos litúrgicos, até mesmo a vida das pessoas que buscam a intervenção dos Santos para a solução de um determinado problema em sua vida.

Quando sacrificamos uma ave, por exemplo, para Exú, damos a ele aquela vida, em troca do favor solicitado naquele momento. Temos que lembrar que o ato de sacrificar animais, vem desde os primórdios da humanidade e mesmo os Profetas Bíblicos, efetuavam sacrifícios a Deus, em busca de santidade para a vida de suas comunidades.

Porém, esses sacrifícios dentro de nossa religião, não podem de forma alguma ser realizados por pessoas que não estejam devidamente preparados para tal. São os sacerdotes e sacerdotisas de Orixá, os Ogãs, Ekédis e outras pessoas de cargos altos e que possuem as obrigações que têm o direito de levarem o obé, faca, ao pescoço de um animal para sacrificá-lo em honra das entidades.

E mesmo para essas pessoas realizarem o ato, existe o momento certo, oportuno, em que a entidade solicita aquele ritual. Este não é feito somente porque desejamos. Existe a necessidade de uma consulta à Ifá, para sabermos se a divindade deseja o sacrifício e qual o animal que ele quer que seja imolado em sua honra.

Não basta querermos dar-lhe, por exemplo, um cabrito, temos que saber se ele deseja o quatro pés, como chamamos, pois pode ocorrer que ele queira um ou dois frangos, por exemplo.

E mesmo que aquele ser deseje o ritual, esse não pode ser praticado como uma coisa simples, corriqueira. Tem-se todo um preparo tanto das pessoas que participarão da imolação como até mesmo do ambiente que esta deverá acontecer, pois o ato de se derramar sangue é algo deveras sério e requer muita responsabilidade da parte de todos que forem compor a comitiva do rito.

Existem as folhas certas, as rezas, as cantigas, todo um processo de encantamento, de se pedir licença para que se possa realizar a atividade. Não é somente pegar uma galinha e cortar fora sua cabeça!

Uma matança mesmo que seja de uma codorna, deve ser bem preparada e realizada com muito cuidado e respeito, pois estamos alimentando um ser que governa determinado elemento da natureza e assim sendo, deve-se acautelar o máximo para que nada saia errado.

O menor erro pode ser fatal e suas consequências seríssimas na vida de quem estiver passando pela obrigação. Nada se faz com gracejos e com pensamentos desvirtuados no mundo do Orixá. Para tudo devemos saber a reza certa, as palavras certas e como proceder.

Não devemos de forma alguma deixar sangue no chão, pois as consequências podem ser terríveis, não podemos permitir que pessoas que não estejam preparadas participem de determinados fundamentos, pois pode causar problemas em sua espiritualidade.

Deve-se levar os assuntos pertinentes ao Orixá com muita seriedade e muito mais ainda quando se trata de sacrificar uma vida, pois mesmo sendo um animal, é um ser vivo, e assim sendo, não temos como saber que fim levará aquela obrigação, caso as coisas não sejam feitas da forma correta.

Nenhuma pessoa deve participar de um ritual de matança sem estar com seu corpo limpo de todas as impurezas do mundo, principalmente sexo e bebida.

Nem mesmo devemos falar alto nos momentos que antecedem a matança, ou durante ela e nem ainda quando o Orixá estiver comento, pois o barulho os incomoda.

Temos que nos lembrar que são seres encantados, verdadeiros elementais, governadores das forças da natureza, antepassados que se dignam a vir entre nós para nos ajudar a viver nesse mundo de provações.

Quando o zelador está em ritual de matança, a casa deve se manter o mais limpa possível, tanto física como espiritualmente para que as energias sejam as mais positivas possíveis. Nada deve acontecer para contrariar as leis que regem esse mundo maravilhoso que é o Candomblé, pois ele é feito de leis severas implantadas pelos antepassados oriundos da África que por sua vez herdaram de seus antepassados.

Uma matança é o ritual mais sagrado que existe e se nele não houver toda disciplina possível, as dores e sofrimentos podem ser inimagináveis. Por isso, respeitemos as leis de nossos Orixás e deixemos os fundamentos para quem realmente se encontra em condições de realiza-los.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.

ORAÇÃO DOS PRETOS VELHOS

Senhor, Pai, que sois o poder, a bondade, a misericórdia, olhai por aqueles que acreditam em vossa bondade, poder e misericórdia.


Daí, Pai, aos que vacilam no vosso poder, na vossa misericórdia e bondade, a clareza de clareza de pensamentos e abri-lhes Senhor, os olhos para que pratiquem sempre a bondade, a caridade para com os outros, reconhecendo assim vossa existência, poder e misericórdia, bem assim, vosso Reino.

Senhor perdoai aqueles que a escuridão ainda não deixou ver os erros cometidos na sua passagem por esse planeta. Daí, senhor, a eles que sofrem a luz do vosso imenso amor.

Que a luz do vosso imenso amor nos ilumine neste mundo e em outros que ainda desconhecemos, mas, que cremos se mais difícil atingir. Oh! Pai, a nós pecadores aceitai o nosso arrependimento dos erros que temos cometido, oh! Pai, pela vossa sagrada bondade e paixão, consenti que caminhemos até vós pelo caminho da perfeição.

Assim seja.


quarta-feira, dezembro 15, 2010

SANGUE, ALIMENTO SAGRADO DOS ORIXÁS

É comum vermos pessoas que não seguem nossa filosofia religiosa se alimentarem de sangue, como na galinha ao molho pardo e no chouriço, por exemplo, mas, para nós adeptos do axé Orixá, esses alimentos não podem de forma alguma fazer parte do cardápio.

Acontece que o sangue, é o alimento sagrado das Divindades, ou seja, de nossos Orixás e somente a eles é dado o direito de saborear deste. O sangue nada mais é que a essência da vida. Sem ele a vida simplesmente não existe, assim sendo, para nós, seres mortais, não é dado o direito de consumo do mesmo.

O tabu existe desde o mais remoto dos tempos, pois, em muitas outras religiões como no Islamismo, por exemplo, não é permitido de forma alguma se consumir sangue dos animais abatidos.

Ao imantarmos um assentamento de Orixá, exú, egum ou outro qualquer, qual o principal item para que essa imantação seja concretizada? O sacrifício de um animal. Como então, nós, seres humanos, poderíamos comer daquilo que é justamente a imantação de nossos ibás?

Quando derramamos o sangue de um animal, estamos dando aquela vida como forma de sacrifício às divindades para que elas nos façam algum favor em troca. Se sacrificamos em prol de nossos Orixás, estamos alimentando um ser ancestral que nos protege e nos guia nos caminhos que Olorúm designou para cada um.

Assim sendo, temos que manter o respeito e não comermos de seu principal alimento. Se sacrificamos uma galinha em nossa casa para o consumo da família, o certo é que seja feito esse sacrifício dentro de um tanque, e a torneira seja aberta para que a água leve aquele sangue embora. Não devemos derramar sangue no chão.

Não devemos sob hipótese alguma, deixar que sangue seja derramado no chão, pois seres negativos podem ali se alimentar e trazerem consequências sérias para nossas vidas.

Existem algumas pessoas que acham que esses tabus são invenções dos mais velhos. Mas, posso garantir que não. Ao nos alimentarmos do sangue, estamos ferindo os preceitos das leis dos Orixás e isso nos trará com certeza sérias consequências em nossas vidas, pois as leis existem para serem cumpridas.

Não devemos matar animal algum que não seja para nosso alimento ou para algum ritual onde haja a real necessidade do holocausto, pois uma vida não se tira em vão. Não se derrama sangue pelo simples motivo de se desejar, mas sim, por existir uma necessidade muito grande e imprescindível.

Somente aos Orixás e às demais entidades, competem determinados alimentos e atos, e a nós compete a obrigação de zelarmos para que esses preceitos sejam respeitados e que nossa religião seja respeitada em toda a sua grandeza.



Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi, Odé Mutaloiá.


terça-feira, novembro 09, 2010

O NOSSO ANJO DA GUARDA

Como todos nós sabemos cada ser humano possui seu anjo da guarda. Esse é um espírito concedido por Deus, para nos guiar e nos orientar em todos os momentos de nossa vida. É ele na verdade, uma espécie de mentor espiritual, e sempre nos guia para os caminhos do bem, e muitas vezes quando ouvimos o que chamamos de “nossa voz interior”, é na verdade esse espírito quem nos fala.

Dentro do Candomblé sempre cuidamos de nossos Orixás, acendemos velas, damos comidas secas, obrigações com rituais mais profundos, mas muitas vezes esquecemos-nos de alimentar nosso Anjo da Guarda.

Temos sim, que cuidar de nosso Anjo Protetor, da mesma forma que cuidamos de nosso Orixá, apenas diferenciando o culto. Quando passamos por uma obrigação, são cuidados nossos caminhos, nossos Orixás, Exú e até mesmo o egum de nosso Santo, mas, ao sairmos do preceito da obrigação, é bom que cuidemos de nosso Anjo Guardião.

Obviamente que para ele, não oferecemos matança nem mesmo comidas secas, pois é um espírito pertencente à outra esfera, e assim sendo, dispensa os tributos que ofertamos a nossos antepassados.

Para cuidarmos de nosso Anjo da Guarda, basta que mantenhamos em local mais alto que a nossa cabeça, um prato ou pires com uma vela de sete dias branca acesa e ao lado um copo com água, de preferência filtrada. Ao colocarmos a vela e o copo neste local mais alto, basta que rezemos o Pai Nosso, Ave Maria, Salve Rainha, um Credo e um Santo Anjo do Senhor, aquela mesma oração que nossas mães nos ensinaram quando ainda crianças.

Ao apagar essa vela,devemos imediatamente acender outra e trocarmos a água despejando aquela em uma planta que não seja venenosa.

Ao fazermos isso, e cuidando de nosso Orixá, estaremos sempre em dia com nossas obrigações e assim sendo, será muito mais difícil algum inimigo oculto ou não, nos atingir.

Sempre devemos nos cuidar, pois as forças inferiores,sempre nos rondam buscando pontos fracos para nos atingir e assim destruir com nossas vidas e nossas conquistas.

Comumente vemos pessoas que por mais que façam obrigações,não param de sofrer e muito pouco conseguem alcançar. Isso não significa que o zelador fez algo de errado ou que aquela pessoa não esteja sendo merecedor dos favores das divindades, pode estar ocorrendo, que, seu anjo da guarda esteja enfraquecido, ou mesmo esquecido no tangente ao zelo por parte de seu protegido.

Não compete ao zelador de santo, cuidar de nosso anjo da guarda, mas sim a nós mesmos. Não devemos esquecer jamais desse ser que nos guia em todos os momentos de nossa vida, pois o que seria de nós sem ele?

Ao acendermos uma vela para nosso anjo da guarda, estamos mantendo um contato direto com um ser de muita elevação e assim sendo, temos que estar sempre de corpo limpo, com nosso coração livre de qualquer sentimento inferior.

Se formos médium de Umbanda é bom antes dos trabalhos, deixarmos acesa uma vela para nosso Anjo Protetor, para que ele nos auxilie, evitando, por exemplo, que espíritos inferiores e obsessores, tentem se passar por nosso guia protetor, ou até mesmo, que esses seres, suguem nossas energias vitais, no momento em que estivermos incorporados.

Cuide de seu anjo da guarda, ore para ele, faça seus pedidos e verá que muita coisa se transforma em sua vida.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.











segunda-feira, setembro 27, 2010

ESCOLA DOMINICAL

É comum nos templos Cristãos, a escolinha dominical, onde ensinam seus filhos, a doutrina de sua fé, onde os colocam amantes de sua prática religiosa e assim evitam que eles, os pequeninos se aproximem de outras religiões e, até mesmo incentivam que, seus filhos, levem coleguinhas de escola, vizinhos, para a escolinha a fim de que possam introduzi-los em sua doutrina.

Infelizmente não vemos o mesmo acontecendo nos Templos de Umbanda e Candomblé. Poderiam seus sacerdotes, convidarem professores que ali frequentam, para que nos domingos, desenvolvessem trabalhos sobre a cultura negra, por exemplo, a fim de colocarem em prática o que já está previsto em Lei, incentivando assim, que nossos pequeninos, se mantivessem dentro de nossa fé, e dela não se envergonhassem nas ruas.

Se quisermos combater o preconceito e a intolerância, eis aí uma grande arma: educar nossas crianças e jovens! Poderiam dentro das escolas dominicais, estudarem sobre os antepassados, sobre a mãe África e ainda aprenderem sobre o risco da ingestão de bebida alcoólica, drogas, sobre o risco do sexo sem proteção, do aborto e da gravidez na adolescência, e estariam assim, nossos Templos, exercendo sua função de cidadania.

Nossos Templos têm essa função mas muitos poucos são os sacerdotes que se dedicam de alguma forma para tal ato.

Ao introduzir as escolas dominicais, estariam fazendo com que nossos jovens e nossas crianças tivessem armas para se defender do preconceito que sofrem nas escolas quando se descobre que são adeptos ou filhos de adeptos das religiões de matriz africana. Isso se dá tão somente pela falta de informação.

Obviamente que muito ainda temos que fazer para acabarmos com esses males que assolam nossa comunidade. Leis foram criadas para garantir nossos direitos, mas, enquanto não colocarmos em prática ações como esta,dificilmente, veremos nossos direitos respeitados.

Enquanto isso, crianças são doutrinadas para os julgarem adeptos de satã, filhos do capeta e nada fazemos para dar combate a isso.

Assim,fica aqui a sugestão: que todos os Templos de Umbanda e Candomblé abram suas portas aos domingos, para que essas escolas funcionem, para que essas crianças e jovens sejam doutrinadas de acordo com nossas leis, que aprendam a respeitar e a amar nossos princípios, pois somente assim poderão se defender durante a intolerância e a perseguição que se faz presente em nosso mundo. E ainda, que eles possas ter acesso à palestras sobre temas tão importantes que possam alertá-los sobre drogas,álcool, gravidez e aborto, lembrando que esse ultimo, agride diretamente aos preceitos de nossa amada mãe Oxum.

Tatetú N'Inkisi: Odé Mutaloiá







sábado, setembro 11, 2010

Obrigação de Final de Ano!

Queridos Amigos e Clientes;

Sempre preocupado com seu bem-estar e vendo chegar mais uma passagem de ano, venho oferecer a chance para que todos tenham acesso a uma firmeza para o início do próximo ano. Sabemos como é extramamente importante que tenhamos um início de ano com o pé direito, assim sendo, disponibilizo oferendas individuais para que cada pessoa tenha a chance de ter um ano com mais paz, saude, prosperidade e amor. Conhecedor da atual conjuntura financeira do país, disponibilizo de uma ferramenta ao qual você poderá programar o seu valor de investimento para a transição do ano.

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quarta-feira, setembro 01, 2010

TEMOS QUE RESPEITAR A CIÊNCIA E OS TRATAMENTOS MÉDICOS

Muitas vezes nos deparamos com sacerdotes, e até mesmo com entidades que determinam que as pessoas parem de tomar seus medicamentos, pois terão a cura através da espiritualidade somente, e isso acontece até mesmo dentro de algumas igrejas evangélicas.

Acontece que isso é um erro muito grande. Se assim fosse, grandes médiuns como o saudoso Chico Xavier, não teria ido ao médico durante sua vida. Tantos pastores não usariam óculos, por exemplo, e nenhum padre precisaria tomar medicamentos nem mesmo zelador de Santo morreria.

Não que eu não acredite na cura através da fé, ao contrario, sei que a fé ajuda e muito na cura de vários males, inclusive já presenciei várias curas através dela, mas enfatizo que o tratamento clínico é necessário sim. Não podemos simplesmente mandar uma pessoa abrir mão de seus medicamentos, pois não estudamos medicina.

Sermos sacerdote é antes de tudo sermos conscientes da realidade e essa nos obriga a enxergarmos a realidade das coisas do mundo. Eu, por exemplo, uso óculos e faço uso de medicamentos controlados, antes, quando comecei meu tratamento, fui a várias pessoas jogar e todas disseram a mesma coisa: “seu problema é físico, tem que ser cuidado pela medicina”.

Lógico que acendo minhas velas e arreio minhas comidas ao santo na esperança da ajuda, mas, por nada nesse mundo abro mão de meus medicamentos que tanto me ajudam em meu dia a dia.

Temos que entender que zelador é ser humano e não um deus como pensam muitos. Temos problemas e muitas vezes muito maiores do que possuem os que nos procuram, e temos que estar aptos a ajudar e para isso temos que nos cuidar.

O uso da medicina é sim, de suma importância na vida do ser humano e penso ser uma total irresponsabilidade quando um sacerdote seja de qual religião for, orienta e pessoa a parar com seus medicamentos.

Se a medicina não fosse necessária, Deus não a teria criado.

Temos que respeitar uma pessoa que passa uma vida estudando e que tem a capacidade, por exemplo, de abrir uma pessoa e devolvê-la com vida para o mundo. Outras que possuem o dom de entender a mente humana e assim por diante.

Que seria de nós sem a medicina?

Posso garantir que não seria muita coisa, pois graças a seus conhecimentos, é que a raça humana ainda existe nesse planeta. Assim, se você, meu irmão ou minha irmã, pratica o sacerdócio, nunca oriente a quem quer que seja a deixar de lado seus medicamentos, ao contrário: faça um trabalho paralelo, pois as duas energias juntas conseguirão grandes êxitos.

Para você que estiver lendo essa postagem humilde e segue algum tratamento, não se deixe enganar por falsos profetas e abandonar assim seu tratamento médico, pois sem ele, sua matéria sucumbirá e seu espírito pode ter sérias consequências. Faça seu tratamento espiritual, mas, siga com o clínico e verá quanta coisa mudou.

Eu, simples sacerdote, quantas vezes já me disseram para largar meus medicamentos, mas somente eu, sei o que se passa comigo quando estou sem eles.

Isso é fanatismo e não fé! Orixá cuida do espírito e a medicina da matéria!

Tatetú N’Inkisi Odé Mutaloiá.


sexta-feira, agosto 27, 2010

EXISTEM SIM, AQUELES QUE NÃO PRECISAM SER RASPADOS.

Em postagem anterior, falamos sobre a importância da feitura e o porquê de uma pessoa ser raspada para que possa ser iniciada nos preceitos dos Orixás. Tenho recebido alguns e mails de pessoas questionando se são lendas as afirmações de que existem algumas pessoas que não precisam ser raspadas.

Sim, essas pessoas existem sim, mas são raras. São pessoas chamadas de Abikú, ou seja: já vêm prontas antes mesmo de seu nascimento. A essas pessoas é dado todo o preceito do Santo, mas seu cabelo não é retirado.

São feitos outros tipos de fundamentos, que somente zeladores preparados podem realizar, pois senão forem feitos de forma correta, podem acontecer coisas terríveis com a pessoa e essas não terem mais retorno.

Os abikús são pessoas sensíveis com uma mediunidade aguçada e avançada e precisam de auxilio especial, pois muitas vezes são incompreendidos, pois têm uma percepção que vai além do alcance de seu aprendizado.

Porém, seu processo de iniciação é diferente dos demais, justamente por ser ele, uma pessoa que dispensa a iniciação comum. Claro que ele passa por obrigações, mas, ao contrário do iniciante comum, não cumpre os sete anos de yawô, pois já nasce com sete anos.

Seu ibá já posto no alto, mas, repito somente pessoas que realmente estejam preparadas para isso podem realizar seus fundamentos, pois existe até mesmo o risco de desencarne para ambos os lados.

Abikú já nasce feito, mas isso não o isenta de obrigações e é justamente aí que o zelador tem que estar muito ciente para não fazer coisa errada, pois como muita coisa dentro do santo, pode ter consequências gravíssimas depois.

Um processo de iniciação é por demais complexo, ainda mais se tratando de um abikú, pois esse tem outros tipos de fundamentos a serem feitos em sua cabeça. Da mesma forma, como existem determinados santos que não são raspados, e outros que não trazem mãos nas dores.

Assim sendo, não se trata somente de uma lenda, existem sim, pessoas que não precisam ser raspadas.

Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá





domingo, agosto 15, 2010

TEMOS QUE TER REPRESENTANTES NA POLÍTICA

Mais um ano de eleições chegou e ao que me consta faltam candidatos que sejam adeptos do Candomblé ou da Umbanda. Isso é um erro.

Todas as eleições acontecem às mesmas coisas: candidatos que nunca tiveram compromisso com nossa religião usam o pleito para buscar apoio de membros das religiões afro-brasileiras, para se elegerem.

Nesse período prometem “mundos fundos”, se dizem contrários à intolerância religiosa, contra a discriminação seja ela qual for, pedem nosso voto e prometem que em sua gestão não encontraremos obstáculos para praticar nossa fé. Alguns mais abusados, mesmo sendo evangélicos, se dizem até mesmo a favor da liberdade religiosa. Porém, depois de eleitos, nos abandonam nos perseguem de todas as formas.

E isso acontece por quê?

Porque não temos candidatos de nossa religião. Eu mesmo já vi uma pessoa feita de santo filho de uma das maiores babás de Umbanda do Espírito Santo, visitar templo por templo, pedindo apoio das pessoas para sua candidatura e teve uma péssima votação.

Pergunto-me até quando iremos votar em pessoas que nada teem com nossa fé! Busco noite e dia respostas que sei, nunca virão e por quê?

Porque sempre votamos errado! Não buscamos promover reuniões e quando são promovidas, muito poucos aparecem, para que possamos ter um candidato nosso.

Não quero crer que seja por vergonha de nosso povo! Não quero acreditar que nossa gente, ainda continua vendendo seu voto e dando assim poderes a quem nunca fará algo por nossa religião!

Se não temos um candidato de nossa fé, façamos então reuniões com os que existem, e peçamos um documento registrado em cartório, no qual, ele se comprometa a combater a discriminação e a intolerância religiosa e ainda mais: façamos com que nesse documento existam parágrafos dizendo que aquele candidato irá apoiar as causas de nossa religião, como por exemplo:

• Novos templos sejam construídos com a ajuda das prefeituras e até mesmo dos governos estaduais.

• Que fará aquele candidato fazer valer a lei que isenta os terreiros de impostos, assim como as demais religiões são isentas.

• Que terá ele, compromisso com a questão religiosa sem que para isso tenhamos que oferecer suborno.

• Que promoverá a reforma de monumentos das religiões afro-brasileiras que existem em todo o país.

• Que buscará dentro das leis, coibir a forma pejorativa como somos tratados por igrejas como a universal etc.

Somente quando tomarmos consciência de nossa importância, poderemos obter o respeito desses que são SUSTENTADOS com o dinheiro público e que nada fazem para coibir os abusos que sofremos em nosso dia a dia.

Busquemos apoio de pessoas sérias, conscientizemos os zeladores e seus filhos para que possamos fazer valer nossos direitos que estão na Constituição Federal, pois da forma que andam as coisas, não me surpreenderá se daqui a algum tempo, estiverem queimando nosso povo em fogueiras como fez a Igreja Católica.

Tatetú N’Inkisi Odé Mutaloiá.

sábado, agosto 14, 2010

ORIXÁ EXISTE PARA TODOS, MAS, NEM TODOS EXISTEM PARA O ORIXÁ


Durante minha trajetória dentro do Candomblé, encontrei as mais diversas pessoas, e, todas professavam fé nos Orixás. Mas posso garantir que muito poucas encontrei que realmente tivesse a tal fé professada.

Ocorre que, antigamente, uma pessoa fazia santo, para ser esposa ou esposo de Orixá. Tinha em mente que seu Orixá era nada mais nada menos, que uma religião e como tal, intercederia sim em sua vida, mas suas provações não deixariam de existir.

Não se fazia Santo com o intuito de enriquecer, de se tornar celebridade. Apenas se fazia Santo para se cumprir uma exigência daquele ser Divino, que cobrava a iniciação. Eram as pessoas; felizes com seu Orixá, não importando os problemas que tivessem em suas vidas, pois sabiam que vivemos em um mundo onde a maldade e a desigualdade imperam.

Não havia o tipo de pergunta: “onde está o santo?” “Foi para isso que dei comida ao Santo?”.

As pessoas eram felizes pelo simples fato de estarem comungando com sua fé, sabendo que dias melhores estavam por vir.

Hoje, coitado do Santo que não der um carro zero a seu filho, uma mansão para determinado cliente e assim por diante. Trocaram a fé pelo conforto material, o amor pelas divindades foi trocado pelo luxo e pela avareza.

Não sou muito velho no santo, fui iniciado em 1983 e muito aprendi no quesito de amor ao santo acima de tudo nessa Terra. Vi muitas pessoas realmente velhas no santo, professarem seu amor, sua dedicação aos seres que governam a natureza. Tive o privilegio de conviver com pessoas que não mais estão nesse mundo, mas, que deixaram sua marca de amor e submissão ao Orixá e às vontades de Deus.

O que vejo hoje, muito me entristece, pois vejo pessoas que se dizem com fé, blasfemarem aos quatro cantos do mundo contra os Orixás, quando algo não sai do jeito que desejam.

Já encontrei até mesmo pessoas que nunca tomaram sequer água de obi, mas por terem santo de alguém de sua família em casa, que ao passarem certas dificuldades, perguntou aos Santos:

“O que vocês estão fazendo aqui?”

Quanta pobreza de espírito! Quanta maldade no coração dessa pessoa! Pergunto-me: por que a sua religião, a qual frequentou tanto tempo, não deu moral em seu espírito nem a livrou de tanto sofrimento?

Simples, porque era somente sua religião e nada mais, além disso.

O fato de termos um Orixá, não significa que não mais iremos ter problemas em nossas vidas!

Ao contrario: sabe-se que toda pessoa que tem muita fé, sofre ainda mais que os demais, pois é testada a cada dia pelas forças negativas. Encontro sempre em meus caminhos, pessoas que professam outra religião, mas que sofrem muito e nem por isso culpam Deus por seu sofrimento.

Eu mesmo já passei por muitas coisas ruins nessa vida, de chegar ao ponto de ser roubado por um filho de santo, mas nem por isso culpei santo algum, nem mesmo o dele, pois penso que as coisas do mundo, tratamos no mundo.

Mas, as pessoas do Candomblé não podem passar por nada, que logo questionam: “onde está o santo”? Até mesmo pessoas de outras religiões, perguntam a mesma coisa. Quem disse que pelo fato de ser iniciada no Candomblé, uma pessoa deixaria de ter problemas ou de sofrer nesse mundo, sendo ele um planeta de expiações?

Passamos hoje e passaremos sempre por nossas provações, independente da religião que sigamos. Os Orixás existem para nos darem forças para seguir em nossa jornada e não como promessa de uma vida perfeita.

Ao invés de reclamarem do santo, por que não dizem: “ainda bem, porque senão fosse o santo poderia ter acontecido algo muito mais grave comigo”.

Viver para o santo é viver em uma eterna clausura, onde a vida material muito pouco existe para nós. Não cabe dentro do axé Orixá, reclamações, vinganças, lamúrias nem nada parecido.

Dentro do mundo dos Orixás cabe somente o amor e a submissão às vontades de Deus. Não nos é permitido questionarmos os mistérios de Deus nem de seus mensageiros. Se sofremos é tão somente porque estamos em um mundo onde a dor e a tristeza são partes ativas do viver.

Ao que me lembre de Orixá nunca nos prometeu, dia sem chuva, noite sem luar, vida sem tristeza, a única coisa que prometem, são fidelidade, amor e companheirismo por toda a vida!

Assim, se sua vida anda ruim, não se lamente, nem blasfeme contra os Orixás, mas faça algo para modificar seus dias e sua vida!

Tatetú N’Inkisi Odé Mutaloiá.


terça-feira, agosto 10, 2010

TEMOS QUE APRENDER A LIDAR COM A MORTE

Existe um antigo dito popular que diz que: “tudo na vida passa, tudo se acaba”. Até mesmo a vida finda algum dia. Infelizmente para alguns, a perda de um ente querido, torna-se em dor que o acompanha para sempre. Isso se deve ao fato e não saber lidar com a morte.

A morte nada mais é que uma transformação, da mesma forma que a água se transforma em vapor, e vice versa, somos transformados por essa mensageira do além. Quando morremos na carne, começa a real vida do espírito, ou seja: nosso espírito, livre do invólucro que é seu corpo físico, retorna para a pátria espiritual e vai começar uma nova etapa, só que essa ao contrário da etapa terrena, não possui os vícios e necessidades da carne.

Morremos no corpo, mas, continuamos vivos no espírito, pois esse sim é eterno e puro, muito embora insistamos em contaminá-lo com as vicissitudes do mundo.

A morte como transformação, faz parte de todos os mistérios de Deus, e esse sabe perfeitamente o que cada um de nós, precisa e merece.

Não devemos temer a morte, mas sim, o sofrimento da carne e do espírito, e para isso, precisamos aprender a nos preparar para esse momento certo de cada um de nós. E a melhor forma de nos prepararmos, é vivendo mais o espírito que a carne, ou seja: vivermos sem ganância, sem mentiras, sem intrigas, sem ódio, rancores, mágoas, avareza, desejar coisas ruins para nossos irmãos, além de tantos outros defeitos da carne.

Temos que nos lembrar de que; independente do tipo de vida, do credo, da cor e da raça, somos todos filhos do mesmo Pai, e esse mais dia menos dia, nos chamará de volta para seu Reino, para que possamos dar conta de nossos atos aqui na Terra.

Termos em nossa consciência que, somente Deus tem o poder absoluto, que somente Ele pode por e dispor de tudo nesse mundo, é estar atentos às suas leis e vontades. O ser humano precisa entender que nem mesmo os Orixás, podem proporcionar aquilo que aos olhos da Justiça Divina, não se fez merecedor.

Nem mesmo nossos Orixás podem interpor-se entre a vida e a morte, pois as duas fazem parte do viver. Ao nascermos, damos o primeiro passo em direção ao túmulo, e essa caminhada somente termina no tempo que nos foi designado, pois nada se passa sem que a espiritualidade acompanhe.

Precisamos, pois, fazer-nos merecedores de suas intervenções em nossa jornada, inclusive, na hora de nosso desenlace material.

Nada tem de anormal na morte. Ela faz parte da rotina de vida de tudo que existe nesse planeta. Basta olhar e ver que, mesmo as plantas possuem seu ciclo e um dia perecem para dar lugar à outra de sua espécie.

Quando morremos, na verdade, cedemos lugar para que outros possam nascer e assim darem seguimento à sua jornada nesse mundo. Para cada um que morre, nasce outro em seu lugar e assim, a vida segue, tanto aqui, quanto no mundo espiritual.

Não devemos ter na mente que com a morte se findam as coisas. Se finda a vida terrena, mas como ser infinito que é o espírito continua seguindo em frente sem olhar para trás. Devemos seguir esse exemplo, e continuar sempre, pois a cada passo que damos, é uma folha que viramos uma página a menos no grande livro de Olorúm.

Não devemos nos apegar em valores mundanos, mas sim, “juntarmos tesouros no Reino de Deus” porque somente dessa forma estaremos nos aproximando mais da pureza. Como ser ancestral, nosso espírito caminha sempre por sua estrada e nada desse mundo tem valor para ele. Então, por que temermos a morte?

Ao chegar em casa, após um exaustivo dia de trabalho, o que faz uma pessoa? Toma seu banho e troca de roupa, pois aquela está suja e ele simplesmente a deixa em um canto sem que seu olhar pouse nela.

Da mesma forma age o espírito quando seu corpo morre: ele simplesmente abandona aquela vestimenta terrena que usou e segue em busca de seu caminho, sem o peso da Terra e sem as dificuldades mundanas.

Se choramos por alguém que se vai, é tão somente, porque temos dentro de nós, a ideia de que não mais veremos aquela pessoa. Mas isso está errado. Aquele ser passou a completar a energia do Cosmo e com certeza estará ao nosso lado sim. E mais dia menos dia, estaremos todos juntos de novo.

Então, esqueçamos o medo da morte. Vivamos nossa vida, como se cada dia fosse o último e procuremos nos aperfeiçoar para que sejamos dignos das bênçãos de Olorúm que recai não somente sobre os encarnados, mas também sobre aqueles que já deixaram esse mundo.

Tatetú N’Inkisi, Odé Mutaloiá.




segunda-feira, agosto 09, 2010

A ENTREGA DE DEKÁ

Esta é uma cerimônia na qual, a pessoa recebe seu Deká ou sua Cuia como se diz na nação Angola. É o momento tão esperado pelo filho de santo, como também pelo seu Orixá.

Após sete anos de iniciado e tendo cumprido todas as obrigações: de um ano, de três anos, e a de cinco anos de iniciado, o filho ou filha de santo, se recolhe para o recebimento de seus direitos sacerdotais.

É uma obrigação sem a qual uma pessoa não pode se dizer sacerdote ou sacerdotisa de Orixá, pois nela são entregues a ele, todos os fundamentos pertinentes para que possa exercer o sacerdócio.

Nesse período a pessoa, após passar pelos ebós de praxe, fica recolhida sete dias, e muitos fundamentos lhe são entregues. É o momento em que a pessoa deixa de ser yawô ou noviço. Mas algumas regras têm que ser obedecidas e muitos fatores devem ser analisados com calma pelo zelador que vai entregar os direitos de um determinado filho de santo.

Uma das coisas que devem ser observadas é se aquele Santo traz para seu filho o que chamamos de “balaio de axé”, ou seja: o cardo para ser sacerdote ou sacerdotisa de Orixá. O fato de uma pessoa tomar a obrigação, não significa necessariamente que terá uma casa aberta, que poderá administrar um templo, somente poderá agir assim, se seu santo trouxe para ele o cargo.

Caso seja positivo, ou seja, seu Santo traz essa determinação de Orumilá, essa pessoa terá todo direito de abrir sua casa, de tocar festas, tirar yawô e realizar todos os atos pertinentes ao cargo para o qual terminou de ser consagrado.

Caso a pessoa não tenha o “balaio de axé” ele tomará sua obrigação de sete anos, porém, não será um sumo sacerdote ou sacerdotisa. Será um ebomi que permanecerá na casa de santo, auxiliando seu sacerdote em todos os fundamentos que acontecerem naquela casa. Isso não diminui sua importância dentro do Axé Orixá, de forma alguma. Ao contrário: essa pessoa deverá ser respeitada por todos daquela casa ou de outras, pois seu Santo traz para ele, outros cargos, outras missões, que são da mesma forma, imprescindíveis ao axé.

Se ele tem o “balaio de axé”, deverá receber seus direitos e com eles, em suas mãos, poderá abrir seu templo, observando que a pessoa que entregou os mesmos, é que deverá plantar todos os fundamentos, pois ninguém planta seu próprio axé, temos que ter uma pessoa para realizar os atos, e justamente quem nos entregou nossos direitos é quem deve realizar os mesmos.

Depois de plantados os fundamentos, a casa, erguida com todos os cômodos necessários para abrigar as divindades, será realizada uma festa na qual aquele sacerdote anunciará ao público que aquela pessoa tem seu consentimento para seguir em frente governando o templo, durante toda sua vida.

Deve-se obervar que tudo dentro do Candomblé, obedece a uma rigorosa hierarquia e estas tem que ser respeitadas, pois é o baluarte da religião. E dentro dessa hierarquia toda, existem os cargos que cada Orixá traz muito antes do nascimento carnal daquela pessoa, e esses cargos tem que ser respeitados, pois ninguém é um zelador ou zeladora de santo tão somente porque deseja ser ou por achar bonito. Se não se tem aquele cargo, nem adianta tentar, pois, jamais terá bons êxitos em suas realizações.

Não basta tomar obrigação de sete anos, receber um jogo de búzios e sair se dizendo “pai” ou “mãe” de santo. Precisamos observar as regras e termos consciência de que temos ou não, determinado cargo,

Tatetú N’Inkisi, Odé Mutaloiá.



sexta-feira, agosto 06, 2010

NEM SÓ DE REALIZAR TRABALHOS SE PRATICA O SACERDÓCIO

Muitas são as pessoas que procuram um sacerdote, com vários problemas em sua vida pessoal, financeira, amorosa e outros. Em sua grande maioria os trabalhos são imprescindíveis, pois existe a necessidade de dar-se um rumo na vida da pessoa.

Porém, nem sempre o cliente nos procura para realizar obrigações, ainda mais quando são clientes que já se cuidam há tempos com o mesmo sacerdote.

Existem momentos que a pessoa busca mais, alguém para ouvir seus desabafos, seja por uma incompreensão de seu conjugue, seja por algum dilema com filhos, ou mesmo por estar deprimido com outros problemas.

Nessa hora, é que exercemos o outro lado do sacerdócio: o lado de ouvir e aconselhar. Como sacerdotes, somos um pouco de “psicólogos”, não que tenhamos estudado e com direito de exercer a profissão, mas interagimos como tal sim. Explicamos as coisas da vida e do mundo, orientamos em qual caminho a pessoa deve seguir, e muitas vezes orientamos até mesmo na criação de seus filhos ou apaziguarmos uma briga conjugal.

Se agirmos sempre dessa forma, veremos que aquele cliente se sentirá tão seguro, que nunca mais sentirá vontade de buscar outra casa. Nem sempre a obrigação é fato decisivo. Muitas vezes, um bom conselho, uma orientação ou somente o fato de ouvirmos um desabafo, ajuda e muito àquela pessoa a entender melhor sua vida e seus problemas.

Obviamente que se enxergamos um problema que foge ao nosso alcance e vemos que obrigação não resultará de muito, temos o dever de sugerir que aquela pessoa, busque uma ajuda profissional, pois para isso existem os psicólogos e a medicina tradicional, ou seja: o neurologista e o psiquiatra. Temos apenas que enxergar o momento certo e orientarmos a pessoa a buscar essa ajuda.

Quantas vezes um vivente, busca uma casa, tão somente na intenção de ser ouvido, pois já não suporta mais as agruras que a vida o impõe!

Claro que uma mesa para Oxalá e para Yemanjá, por exemplo, ajuda em muitos aspectos da vida humana, do cotidiano, mas existem momentos que mesmo essas, são dispensáveis, pois o problema é físico e não espiritual.

Saber ouvir é uma dádiva, uma prova de que a pessoa se encontra pronto para o sacerdócio.

Ter sempre uma palavra de consolo, uma opinião construtiva, e ainda a sensatez para agir com a delicadeza que o momento requer, nos faz verdadeiramente sacerdotes no sentido real da palavra.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.


segunda-feira, agosto 02, 2010

DEVEMOS RESPEITAR AS FASES DA LUA

Ao realizarmos qualquer obrigação dentro do Candomblé, devemos obrigatoriamente respeitar as fases lunares, pois as mesmas influenciam tudo no Planeta Terra, sejam as marés, o tempo para plantar, para colher, até mesmo o crescimento de nosso cabelo.

O mesmo ocorre com as energias de nossos Orixás.

Como sabemos, são eles, partes da natureza, governam a mesma em nome de Olorúm, o Supremo criador de tudo. Assim sendo, existem limitações para que nós, seres humanos, possamos buscar suas influências em nossa vida e daqueles que nos procuram.

E a maior limitação está justamente nas fases da lua. Não devemos, por exemplo, fazer nada para Orixá em lua minguante, exceto em determinados momentos e determinadas obrigações, pois corremos o risco de ver as coisas minguarem de forma que dificilmente poderemos desfazer.

Para cada obrigação, existe uma fase propicia da lua, a cheia, para uns casos, a nova para outros, a crescente serve para outras finalidades e mesmo a minguante tem sua serventia, porém a pessoa deve saber como irá realizar determinados trabalhos no quarto minguante.

Nessa lua podemos sim, mexer com algumas coisas, exú, por exemplo, não conhece fase lunar, assim pode-se invocar sua presença para trabalhos os mais variados. Da mesma forma acontece com egum, que não reconhece a lua, e dentro da minguante, podemos invocar egum, sem maiores problemas, pois ele com certeza irá receber a oferenda que a ele se destina e se encarregará de tomar as medidas para que a pessoa alcance a graça que pede.

Obrigação para Orixá é algo demasiado delicado e temos que nos acautelar quando formos arriar qualquer obrigação, e principalmente quando o trabalho requer sacrifício de animais.

Nessa fase de obrigação, é imprescindível que recorramos à lua, para vermos em que fase ela se encontra para que não corramos risco algum, e muito menos aquele consulente que tanto vem sofrendo com seus problemas e dificuldades.

Mesmo, no entanto, que a fase da lua seja outra que não a minguante, temos que observar o tipo de trabalho que fazemos e se naquele momento a lua está propícia para aquele evento. Se a lua estiver cheia, muito se pode fazer, mas nem para tudo ela serve. Dependendo da circunstância, a lua nova ou crescente é de muito mais valia que a cheia e por aí vai.

Ao observarmos a fase da lua, estamos observando o exato momento em que está passando o Planeta e assim, estaremos respeitando a transição pela qual o satélite da terra está, e quais os benefícios que traz consigo.

Povos muito antigos, já respeitavam a lua, pois tinham conhecimento de sua importância, e o mesmo acontecia com sacerdotes muito antigos de nossa religião.

Porém hoje, muitos seja por desconhecimento, o que prova o despreparo para o sacerdócio, seja mesmo por se tratar de pessoa moderna, não leva em consideração o momento pelo qual nosso mundo está passando, devido à fase da lua.

Alguns dizem ser esse fator apenas superstição da parte dos zeladores antigos, mas, como poderiam pessoas que não possuíam nenhum conhecimento de escrita, não sabiam ler, ter tanta sabedoria dentro de si?

Enganados estão os que não respeitam o momento pelo qual a lua está passando e levando nosso planeta com ela, pois se soubermos respeitar esse momento, teremos muito mais a colher em nossas obrigações.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.






domingo, julho 25, 2010

EBÓ DE MISERICÓRDIA

Existem vários ebós dentro do Candomblé, e cada um tem uma finalidade, mas, o ebó que é bom para uma pessoa não significa que será bom para outro, pois como as cabeças são diferentes, os trabalhos também se modificam.

O ebó de misericórdia tem como finalidade o que sugere o próprio nome: a misericórdia. Ele geralmente é feito somente com alguns itens que são algumas comidas brancas.

Ele serve para afastar uma doença, para abrir caminhos em caso de desemprego, além da várias outras funções. Em sua grande maioria, os zeladores, optam por esse ebó, quando a pessoa passa por uma situação extrema e não tem a mínima condição de arcar com um trabalho mais complexo.

Alguns usam esse ebó, quando a pessoa corre risco de vida também. Ele pode ser usado sempre, mas, deve-se ater que a pessoa ficará com uma dívida para com seu Orixá ou mesmo com o exú ou com o egum daquele santo.

No geral esse ebó utiliza pouquíssimas coisas. É passado somente em circunstância séria, pois, conforme foi visto no jogo, a pessoa está com algum problema muito grave e sem condições para um ebó completo.

Após esse ebó, costuma-se dar um obi d’água na pessoa. Essa obrigação consiste em basicamente, se arriar uma canjica para Oxalá e um obi branco, acompanhado de uma quartinha com água e uma vela de sete dias, para que Oxalá tenha misericórdia daquele vivente, que sofre, e não possui a mínima condição para oferecer uma obrigação completa naquele instante de sua vida.

Comparando com termos médicos, essa obrigação é como uma pessoa que precisa de uma cirurgia, mas não tem condições de realizar naquele momento, então o médico, se utiliza de algum recurso que vai momentaneamente aliviar a dor daquele individuo, mas, ele terá que fazer a cirurgia mais dia menos dia para que possa continuar vivendo.

Assim como o procedimento clínico, a pessoa que passou por um ebó de misericórdia, deverá mais tarde retornar à mesma casa, para que seja feita uma obrigação maior, que irá livrá-lo de vez daquele problema.

É um procedimento de emergência e o consulente fica com uma dívida para com os Orixás, pois essa obrigação vai resolver por um determinado tempo seu problema, mas, ele pode voltar com força ainda maior.

Deve o consulente, ser fiel a quem o passou por essa obrigação, pois foi aquele socorro que o livrou quem sabe, até mesmo da morte iminente que seria causada por algum inimigo oculto. Quando um zelador usa desse tipo de trabalho, ele está automaticamente se comprometendo com o Orixá daquela pessoa, em seu nome, que tão logo seja possível a obrigação maior será realizada.

Se a pessoa, não procurar a mesma casa, para dar continuidade a seu trabalho, ela arcará com as consequências, pois foi o Orixá da casa que pediu a misericórdia para ele. Não adianta, por exemplo, fazer esse ebó com uma pessoa e procurar outra para terminar, pois será traição e o vinculo por si só cobrará a injúria. Obviamente que se a pessoa foi morar em outra cidade longe, se o zelador não mais está praticando a religião por qualquer motivo que seja, pode então a pessoa procurar outra casa e terminar seu trabalho, mas, deverão ser tomadas algumas medidas em prol do Santo que o acolheu.

Assim, se você precisa de um ebó e o mesmo foi feito como misericórdia, não se esqueça de que é apenas um socorro imediato e mais dia menos dia terá que terminar o que começou. E não se esqueça também de que a fidelidade é algo de muito valor.



Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.




sábado, julho 17, 2010

A PAZ É IMPRESCINDÍVEL

Todos sabem que é importante dar oferendas aos Orixás para que se possa alcançar as graças desejadas. Sabe-se também que uma oferenda deve ser composta de água e vela, e desde o momento que preparamos a comida, é de suma importância que a pessoa esteja com amor dentro de seu coração e sua mente voltada para o bem.

Mas, de nada adianta tudo isso, se não existir a paz dentro de uma casa onde se cultue Orixá.

A paz é imprescindível em todos os momentos e em todos os dias. Não adianta entregar oferendas a um Orixá, Caboclo ou qualquer outra entidade, mesmo que seja Exú, se dentro da casa não predominar um clima de amor, de serenidade.

As pessoas em geral, perdem muito tempo com coisas ínfimas que em nada colaboram com seu crescimento espiritual, e sem esse não se atinge o material. As entidades necessitam de um clima estabilizado para que possam interagir em nossas vidas e nos proporcionar o que de melhor possamos ter.

A paz queridos irmãos é tão importante para as entidades, como o ar o é para nós, seres humanos. Em um lar ou mesmo templo, onde não impera a paz absoluta, o verdadeiro sentimento de perdão, nada poderá ser construído de bom. O perdão é algo divino e devemos manter nossos corações sempre voltados para ele.

Se uma pessoa nos ferir mil vezes, devemos perdoá-la na mesma quantidade. Porém, deve ser o perdão sincero, não se pode perdoar uma pessoa, e manter resquícios dentro de nós. O perdão tem que ser usado sem limites, da mesma forma que o amor, a serenidade, a honestidade e tantas outras virtudes que somente os seres humanos são capazes de desenvolver.

Uma oferenda feita, seguida de clima tempestuoso, terá com certeza efeito contrário, pois o Orixá se afasta daquele local e abdica até mesmo dos melhores pratos que o servimos, pois não pode, sendo ele, parte da natureza, interagir em um local dominado por forças inferiores.

Brigas, xingamentos, mágoa, vingança, avareza, mesquinharia, tudo isso pertence às esferas inferiores e aos seres que nela habitam. E esses seres, não desejam outra coisa que não seja a destruição de nosso lar, de nossa vida enfim.

Devemos em momentos difíceis, voltar nosso coração a Deus e suplicar que seus mensageiros de luz, venham até nós, trazendo a suave brisa do amor. Devemos implorar para que nosso Orixá nos cubra e nos defenda desses sentimentos tão impuros.

A melhor forma de evitarmos esses sentimentos é tão somente rezando para o Orixá, para nosso anjo da guarda e para nossos guias de Umbanda, suplicando o perdão por nossas falhas, e desejando do fundo de nossas almas, que o amor e a paz, sejam uma constante em nossa vida e em nosso dia a dia.

Não nos entreguemos, pois, às forças malignas que existem sim, e que lutam incansavelmente pela destruição de nosso mundo. Oremos, imploremos aos Orixás que eles com certeza nos afastarão de todas as energias.

Façamos oferendas a eles, mas não nos esqueçamos da principal: a paz em nossos corações e em nossa residência.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.


quarta-feira, julho 14, 2010

FILHOS DE OGUM, GUERREIROS, PORÉM JUSTOS.

Uma característica dos filhos do Orixá Ogum é o fato de serem guerreiros e determinados. No geral, são pessoas honestas, trabalhadoras e com um senso de responsabilidade muito grande.

São pessoas que se dedicam ao trabalho, e fazem desse a parte mais importante de sua vida. Dedicam-se ao trabalho, como se nada mais houvesse no mundo e ai daqueles que acharem que estão errados. Para eles a responsabilidade está muito acima de qualquer outro fator em sua vida, e não suportam pessoas que ficam na dependência deles ou de outra pessoa qualquer.

Os filhos de Ogum no geral demoram muito analisando a decisão que precisam tomar, pois temem agir de forma errada ou injusta. Não são pessoas de agirem sob impulso, seja ele qual for, e nunca misturam as coisas. Têm o discernimento para deixar cada assunto em seu estágio não permitindo assim que uma coisa influencie na outra.

Pessoas geralmente de poucas palavras, não costumam se arrepender do que fazem, pois antes de fazerem, pensaram muito, e assim sendo, nada têm do que se arrepender. Muitos de seus filhos optam por viver longe da família, e isso faz com que passem a sensação de que não amam as pessoas, é que seu jeito de amar é diferente. São pessoas que mostram amor nas ações e no dia a dia, não são de declarações amorosas.

Não pensem com isso, que são pessoas insensíveis, ao contrário: sentem as mesmas coisas que os demais, mas preferem não explanar sobre seus sentimentos, até porque pensam que o trabalho é mais importante que o resto de suas vidas.

Sofrem por amor, mas um sofrimento diferente, pois com o trabalho ocupam a mente e consequentemente sofrem bem menos, afinal agem com a razão e não com a emoção. Pensam mais ou menos assim: ‘amar eu amo, mas se não podemos ficar juntos, pra que sofrer?”E venhamos e convenhamos eles têm lá suas razões”.

Mas, uma coisa em particular faz com que sejam muito mal interpretados: seu senso de justiça.

Seu senso de justiça é algo tão forte, que mesmo seu pai ou sua mãe estando errados, eles nunca dirão que estão certos. Por mais que amem uma pessoa, jamais tirarão a razão de quem tem para dar a quem não tem.

Suponhamos que uma pessoa faça algo contra seu parente. Ele, o filho de Ogum, antes de julgar irá analisar se a pessoa fez aquilo por simples maldade ou porque foi motivado com outra ação. E se provado que seu parente promoveu aquela atitude devido a alguma coisa de errado, ele nunca se voltará com sua ira contra a pessoa, pois entenderá que se seu ente não agisse daquela forma as coisas não teriam acontecido.

Os filhos de Ogum não se apegam a bens materiais, muito embora gostem das coisas boas, mas preferem dar valor ao espírito. Não são materialistas e se tiverem que abandonar toda uma vida de luxo em troca da paz, não pensarão duas vezes.

São reservados, na maioria de pouca conversa e sempre optam por ser o último a proferir opinião sobre qualquer assunto.

Graças a seu gênio justo, foi que Ogum teve sucesso determinada fase de sua vida:

Eis que Nanã pediu a Orumilá que punisse Ogum, e acabasse com seu reino, pois ele se negou a emprestar sua faca para ela, para que ela pudesse realizar uma matança. Porém Orumilá se negou em atender ao pedido de Nanã dado a Ogum ser muito justo e obediente dentro de suas leis. E assim nasceu a kizila entre os dois Orixás, e essa perdura até os dias de hoje.

Um filho de Ogum, à exemplo de seu pai, sempre busca os caminhos honestos para ter tudo que deseja, e não gostam de emprestar o que é seu. Pensam que da mesma forma que lutaram para ter o que precisam os demais também podem agir assim.

Odeiam quando uma pessoa se mostra dependente deles, pois como guerreiros, não conseguem administrar a dependência, pois trazem dentro de si, a liberdade total, e assim sendo não aceitam que uma pessoa tenha que viver à sombra de outro.

Também são pessoas que não valorizam o sexo de forma viciosa. Gostam do sexo, o fazem bem feito, mas se não tiverem, para eles não tem importância, pois a exemplo de seu Orixá, valorizam mais o trabalho que os prazeres da carne.

Pensam os filhos de Ogum, que o trabalho é a coisa mais importante na vida de uma pessoa, e com ele é que se obtém todo o progresso de que necessita, assim sendo, para que valorizar em demasia o prazer sexual?

Conta a lenda que Oxum vivia indo à forja de Ogum para seduzi-lo, mas, como ele dava mais atenção ao trabalho do que a ela e seus encantos, ela com raiva se entregou a Xangô que já tinha tirado Oyá dele aumentando assim a rixa entre os dois Orixás.

Os filhos de Ogum são carinhosos sim, mas, pensam que existe momento para tudo, e que carinho e beijo, não precisam ser dados em público, pois encaram como falta de respeito a quem estiver por perto, isso no que se refere ao beijo na boca, principalmente os beijos mais calientes.

Amam a natureza e possuem uma facilidade muito grande em conhecer ervas, até mais que os filhos de Odé. As pessoas de Ogum são de uma inteligência muito grande, e sempre buscam se aprimorar cada vez mais. Até mesmo no gosto musical, sempre preferem música mais elitizada, não que se possa dizer que não ouçam outros tipos de música, pois são ecléticos nesse sentido.

Guerreiros, batalhadores, justos, assim são os filhos de Ogum!

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.




segunda-feira, julho 12, 2010

TODOS SOMOS FILHOS DE ORIXÁ, TODOS SOMOS FILHOS DE OLORÚM

Existe dentro de cada um ser humano, a mesma vibração divina, o mesmo sopro que deu à vida, a todos, independente de cor, raça ou credo. Cada ser humano possui seu dom, sua riqueza seja ela material ou espiritual. Todos compartilham da mesma origem. Todos somos filhos de Olorúm.

Da mesma forma que Olorúm criou seus Ministros, nossos Orixás, criou também a nós, mortais que compartilhamos o mesmo ar, bebemos da mesma fonte de vida: a água.

Independente de ser rico ou pobre, brasileiro ou espanhol, preto, branco, pardo ou seja lá de que cor, mas todos possuem seu Orixá de cabeça e esse com certeza o ama, não importando nada a não ser seu coração.

Termos um coração puro, uma alma elevada, é sermos antes de tudo, dignos de ser chamado de Filho de Deus, ou de Omo Orixá, ou seja: Filho de um Orixá. Nada nos pedem eles, sem que possamos realmente dar. Pedem-nos uma vela, um prato de comida como oferenda, mas que mais nos pedem mesmo, é a pureza de nossos corações.

Não pode uma pessoa deseja ser maior que a outra, pois cada um tem seu destino, sua própria vida. Também não compete a ninguém ter inveja e desejar o que pertence a outro, pois se temos o pouco que seja, nos foi dado por Olorúm, que com sua grande sabedoria, sabe perfeitamente o que merece cada um de seus filhos.

Jamais Olorúm deixará que uma pessoa sofra além de suas forças. Da mesma forma, um Orixá jamais permitirá que seu filho venha a sofrer por coisas que não merece. É de vital importância que saibamos que ao nascermos já trazemos dentro de nós, toda a vida, todos os acontecimentos agendados, e nada acontecerá sem que seja permitido pela sabedoria divina.

Se uma pessoa, por exemplo, nasceu para viver somente com parcos recursos, ele assim deverá viver,e lutar com dignidade e honestidade para se fazer merecedor da melhora de vida que tanto almeja.

Deus não criou ninguém para ser servo do outro, para viver em humilhação, mas, temos sim, que fazer por merecer a fartura, a prosperidade tão almejada por todos e alcançada por poucos.

Se uma pessoa age, sem avareza, sem discriminar a quem quer que seja, sem perseguir seus irmãos, sem mentiras, se age com honestidade e com hombridade, com certeza, mais dia menos dia, sua vida irá melhorar. Porém, não adianta agir com falsidade, pois que podemos enganar a nossos irmãos encarnados, mas nunca, jamais enganaremos a Olorúm ou aos Orixás.

Comumente vemos pessoas que por mais que acendam velas, entreguem oferendas, não conseguem se estabilizar na vida e quando alcançam o objetivo, costuma durar muito pouco.

Por que assim acontece?

Porque com certeza essa pessoa vive uma vida desleal às leis divinas. Não adianta que nunca conseguiremos progredir se não for por nosso esforço, com nosso suor. Entendamos também, que, cada pessoa traz seu carma de outras vidas e esse tem que ser resgatado.

Vivamos, pois, em harmonia com todos os seres humanos, pois cada um de nós, é uma partícula de Olorúm nesse mundo e também de seu Orixá. Não nos enganemos, pois cada um é filho de seu Orixá, ninguém se governa, mas sim, é governado por seu Orixá e esse por sua vez, é governado pelas leis de Orumilá e esse, como verdadeiro Deus, Senhor Onipotente, fará sempre o que for melhor para cada um de seus filhos.

Saibamos que acima de tudo está à vontade de Deus e de nossos Orixás e jamais, passaremos por algo que não mereçamos. Se sofremos hoje, e tivermos fé viva, com certeza nosso amanhã será muito melhor.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá.