foxyform

Contador de visitas

contador grátis

sexta-feira, abril 23, 2010

O CANDOMBLÉ E O BATUQUE

O Candomblé assim como o Batuque, são formas africanas de se ver Deus. São cultos a natureza, às divindades que governam a mesma, segundo a determinação de Olorúm, palavra Yorubá para designar o Supremo Criador, Olô = Senhor, Orúm = Céu, ou seja: Senhor, Dono do Céu.

Como religiões mantêm os preceitos de acordo com as práticas que eram realizadas pelos seus mais antigos sacerdotes, ainda em sua terra natal, a África. Diferem-se entre si, nas qualidades dos Orixás, nas comidas e nas formas de cultos, porém, unem-se na mesma crença de que Olorúm, Deus, criou o mundo e seus Ministros os Orixás para que governassem o mesmo em seu nome, até porque, segundo os antigos africanos, o nome de Deus não deve ser pronunciado em vão.

Tanto no Candomblé como no Batuque, os Orixás, não são em hipótese alguma, superior um ao outro, são na verdade a unificação de suas forças em prol do bem da humanidade assim como, seguindo rigorosamente suas leis.

Assim sendo, os Orixás dependem um do outro para que possam agir e interagir em nossas vidas, abreviando nossos sofrimentos e nos ajudando no nosso crescimento material e principalmente no espiritual.

As formas de culto modificam, nas duas religiões, dado às áreas da África da qual descendem. Mesmo dentro das nações do Candomblé e do Batuque, existem diferenças nos cultos, pois é sabido que cada região tinha seu próprio culto às divindades.

As nações do Candomblé são assim divididas: Angola, Kêtu, Jêje, Nagô, sendo essas as principais, as nações mães, de onde se originaram as ramificações, como Bate Folhas, Engenho Velho, Gantois, Mahi, Bogun, Muxicongo, ente outras.

Já no Batuque, s nações se dividem entre si da seguinte forma: Jêje, Ijexá, Oyó, Cabinda e Nagô. São as nações do Batuque, como no Candomblé, a referência de suas origens, ou seja: cada nação pratica da forma mais aproximada possível os mesmos rituais que seus antepassados praticavam na Mãe África.

O Candomblé tem sua origem ainda no Brasil colônia, uma vez que a primeira casa fundada em Salvador, Bahia, foi o Ilé Axé Iyá Nassô Oká, que segundo as tradições foi fundada por três negras africanas que eram princesas em sua terra, sua data é em tor 1600. Uma outra casa de renome, é Ilê Maroiá Lájié, que foi fundada em 1636.

O Batuque muito embora seja também uma ramificação das nações africanas, teve seu iniício mais tarde, no Estado do Rio Grande do Sul. Consta nos registros que a primeira casa foi fundada já no século XIX, mais precisamente no período de 1833 e 1859. Também foi criado por escravos que viviam nesse Estado, e seu apogeu se deu quando um Príncipe chamado Custodio, chegou nessa terra no final do século XIX. Segundo alguns historiadores, esse Príncipe teria deixado sua terra, Ajudá, que se situava no antigo Dahomey, atual Benin, diante da promessa dos ingleses de que seu povo não sofreria.

O certo é que esse Príncipe governou seu povo com amor e sincera dedicação aos Orixás, e passou a ser visto por seus irmãos como um verdadeiro Deus.

As formas diferenciadas entre o Candomblé e o Batuque se dão também nas formas de se entregarem as oferendas aos Orixás, uma vez que suas comidas também se diversificam entre os dois seguimentos. Alguns aspectos se relacionam de forma comum, a exemplo de Xangô que no Candomblé é o único rei coroado, o mesmo se dando dentro do Batuque.

Na prática do Candomblé, temos Yemanjá como mãe de todos os Orixás, o que ocorre também dentro do Batuque. Existe, porém um Orixá conhecido no Candomblé como Nanã Burukê, que dentro do Batuque, segundo informações de alguns seguidores, seria um Yemanjá velha. Assim sendo, Nanã que para o Candomblé seria a priemeira esposa de Oxalá, sendo assim a mais velha de todos os Orixás, dentro do Batuque é conhecida como Yemanjá.

Outras diferenças existem entre os Santos das duas ramificações, como o dia de algumas divindades. Odé, por exemplo, é cultuado na quinta feira, já no batuque esse dia seria de Ogum.

Assim como Nanã para o Candomblé, existem Orixás que são cultuados somente no Batuque, como é o caso de Ogum Avagã, uma forma que somente dentro dos preceitos do batuque se conhece seus fundamentos.

Mas, o mais importante é sabermos que como religião, somos todos descendentes de uma mesma etnia: os negros e assim sendo, devemos nos comportar como irmãos, respeitando mutuamente e nos ajudando sempre que for necessário, principalmente dentro da intolerância religiosa, que fere a Carta Máxima de nossa Nação, a Constituição.

Sérgio Silveira, Tatetú N’Inkisi: Odé Mutaloiá. Babalorixá, escritor e pesquisador.

Contatos: