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terça-feira, julho 22, 2014

OBALUAYÊ



Obá= Rei, Ilú= Céu, Ayê= Terra, esta é a tradução mais comum e mais próxima para o nome de nosso Grande e amado Obaluayê. Mas, traduzimos ainda como: Rei dos espíritos do céu e da terra. Isso porque esse grande e valoroso Orixá, além de guerreiro, caçador, e curandeiro, é também o senhor absoluto da morte, ou seja: guardião dos cemitérios e dos mortos que lá residem. É o nosso elo de ligação com nossa ancestralidade e nada podemos fazer sem sua permissão, dentro do culto aos ancestrais.

Dentro da abrangência de seu reinado, está o solo, o mesmo solo que pisamos, andamos, cuspimos, escarramos e depositamos nossos mortos e tudo que não mais nos interessa, ou seja: mais dia, menos dia, tudo volta para o mesmo local de onde saímos, a terra e este é domínio de Obaluayê.

Do mesmo material que Olorúm usou para nos criar, também lançou mão para criar várias outras espécies de vida e de riqueza. E tudo isso pertence a Obaluayê que como seu guardião, divide com quem achar merecedor, até mesmo as riquezas que surgem em baixo do solo. Que somos oriundos do pó, disso não resta dúvidas e quem ousa duvidar, coloca em xeque a existência do próprio Deus, esse mesmo que criou a tudo e todos, e que nos provém, da mesma forma que provém aos pássaros, aos peixes, aos quadrúpedes e todos os seres vivos. Então, não temos o direito de duvidar de nossa criação e muito menos de nosso Criador.

Somos sim, feitos do pó e para o pó voltaremos mais dia menos dia. Outros já foram antes de nós e esses são nossos antepassados, e para que possamos render-lhes o culto necessário, precisamos da permissão de Obaluayê, pois que, sem esta, não podem nem mesmo nossos ancestrais virem receber as oferendas que lhes ofertamos.

Seu poder é incomensurável e inenarrável, porém, mesmo com tanto poder em suas mãos, veste-se de chita e palha da costa, tão somente para nos mostrar que nesse mundo nada somos, nem nada seremos nunca, pois que, somente à Deus compete toda a sabedoria e glória por tudo.

Como Ministro de Olorúm, Obaluayê tem capacidade para fazer de nós, seres humanos o que achar necessário, mas, passa seu tempo a nos dar exemplo de dignidade e humildade, pois quando sai em nossas festas vestido de forma tão humilde, revela ali antes de tudo, o verdadeiro sentido da vida: a humildade.

Como Rei dos espíritos do Céu e da Terra, tem responsabilidade imensa sobre nós e nossos antepassados, representa nosso elo de ligação direta com nossa ancestralidade, mas, nem por isso, usa de tanto poder para satisfazer seus caprichos, pois em sua visão, bem como na de todos os Orixás, a vontade suprema é de Deus e a eles, cabe somente o respeito às suas leis.

Irmão de Oxum Marê, de Agué e consequentemente, filho de Nanã Buruquê, tem seu culto nas segundas feiras, pois sendo filho de sua mãe, governa com ela as almas e a morte. Senhor absoluto dentro dos cemitérios, cabe a ele a permissão para que uma alma possa voltar a esse mundo mesmo que para uma visita aos que aqui deixou.

Erroneamente vemos esse Orixá ser associado a Exú. É ele na verdade, nossa ligação com nossos antepassados. Senhor do culto a estes, somente através de oferendas a ele podemos entrar em conexão com os espíritos daqueles que se foram desse mundo, seja para pedir um favor, seja para matar a saudade que sentimos. Como médiuns, sabemos que a morte nada mais é, que a transformação de uma energia que somos. Ou seja: deixamos de existir na carne, e passamos a existir no mundo espiritual apenas. Nada é finito naquele mundo, e à Obaluayê, compete tanto o zelo, quanto a guarda e assim sendo, a manutenção dos segredos dos mortos.

Seu poder permite que nós que ainda estamos habitando a esfera terrena, tenhamos através de seu Xaxará, condições de termos a presença invisível de nossos entes queridos conosco. Não fosse assim, não saberíamos dizer as proporções que poderíamos ter de caos no mundo que conhecemos, pois que, inimigos da humanidade, poderiam ir e vir livremente e causar danos irreversíveis em nosso meio.

Se precisamos de um favor de babá egum, temos que agradar Obaluayê, para que aceite que aquele ser transpasse o portal de seu mundo e venha até nós, receber sua oferenda e intervir em nosso favor. Se temos uma pessoa sofrendo perseguição de um egum, ele da mesma forma, se encarregará de por as coisas em seu devido lugar e devolver a paz para a vida daquela pessoa. Afinal é ele o guardião dos mortos, e o elo de ligação entre nós, nosso mundo e nossos ancestrais.

Não viveríamos pois não existiríamos, se não fossem nossos ancestrais, e Obaluayê é a principal fonte de lembrança que temos deste fato. Pois que, ali está, presente em todos os nossos rituais com seu doburú, pipocas, tão utilizadas, tanto na vida, quanto nos ritos fúnebres. Em praticamente todos os rituais que fazemos, temos a utilização desta comida, e ai de nós se a deixarmos de fora, pois ele como Orixá guerreiro, caçador, curandeiro e até mesmo, feiticeiro das tribos africanas, nos cobrará por termos nos esquecido.

Ao louvarmos Obaluayê, louvamos também toda a ancestralidade, seja nossa, como de toda a humanidade, afinal, tudo e todos, possuem seu começo, nada nem ninguém, nasceu por si só. Atotô Ajuberú Balé Balé, diz a sua saudação. Louva-se assim toda uma hierarquia, louva-se o princípio de tudo, honremos pois este nome, e o saudemos com respeito, afinal, grande é seu poder, mas maior ainda é sua humildade.